GeralSlide

48% da população mundial viveu calor anormal de junho a agosto

O mês de julho de 2023 foi destaque recentemente por ter sido o mês mais quente já registrado estatisticamente, os cientistas dizem que é também o mais quente em pelo menos 120 mil anos. 

Quase metade da população mundial – mais de 3,8 bilhões de pessoas – experimentou pelo menos 30 dias de temperaturas significativamente mais altas entre junho e agosto deste ano. Um estudo divulgado agora afirma que a causa é a mudança climática, fenômeno gerado por emissões de gases que aquecem o planeta, com origem principalmente no uso de combustíveis fósseis, como gás e petróleo, seguido do desmatamento. 

Pesquisas que conectam o Clima do planeta a eventos meteorológicos específicos (como ondas de calor e ciclones, por exemplo) são chamados de Estudos de Atribuição. Eles comparam as chances de um evento meteorológico ocorrer no clima do passado e no clima atual, que já está cerca de 1,2ºC mais quente em média do que foi no século 19 devido à poluição atmosférica que aumentou desde então. 

O estudo de atribuição revelado agora foi conduzido por pesquisadores do Climate Central, dos EUA. Eles usaram o Climate Shift Index, um sistema idealizado pelo próprio Climate Central e revisado por pares (ou seja, por outros cientistas da mesma área de conhecimento) para quantificar a influência da mudança climática nas temperaturas diárias observadas recentemente em todo o mundo. 

arte17esp-102-clima-a18-300x156 48% da população mundial viveu calor anormal de junho a agosto
Gráfico das metas de temperatura esperadas pelo cumprimento dos compromissos de cada país

Além de perceberem que ao menos 3,8 bilhões de pessoas foram expostas ao calor acima do normal para a época/região durante ao menos 30 dias entre junho e agosto deste ano, os pesquisadores descobriram que pelo menos 1,5 bilhão de pessoas esteve exposta ao calor incomum em cada dia desses três meses.

A análise mostra também que as sociedades que sentiram os efeitos mais fortes do calor em excesso causado pela mudança climática foram as que menos contribuíram para o problema. Os países com as menores emissões tiveram de 3 a 4 vezes mais dias de junho a agosto sob efeito forte da mudança climática do que os países do G20, onde está o Brasil, que é sexto maior emissor do mundo.  “Em todos os lugares, se você começar a ir além das temperaturas que as pessoas experimentam regularmente em cada época do ano, esse é um calor perigoso porque você não está preparado para ele fisiologicamente ou em termos de infraestrutura”, disse Andrew Pershing, vice-presidente de Ciências da Climate Central, durante uma coletiva de imprensa para lançamento do estudo. “Isso acontece mesmo em áreas tropicais onde o calor é mais comum, como Porto Rico. Uma mudança pequena acima das temperaturas médias pode ter um grande impacto sobre as pessoas que estão acostumadas a um clima estável”, comentou Friederike Otto, cientista climática do Imperial College London, que esteve na coletiva, mas não fez parte da pesquisa. 

Na semana passada, a ONU divulgou um relatório que mostra que os países não estão diminuindo suas emissões de gases que aquecem a Terra, enquanto seu secretário-geral, António Guterres, declarou que efetivamente “o colapso climático começou”. 

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408