CPI aponta aparelhamento e corrupção na Cesan
O diretor Weidson Ferreira é um caso clássico do aparelhamento político na Cesan, com salário médio de R$ 30 mil reais, ele não possui formação técnica específica na área da companhia, tanto que precisou de encomendar um parecer da então Procuradoria Geral do Estado, para não ser barrado pelo comitê de elegibilidade, pois a norma exige formação técnica específica na área de saneamento.
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A Câmara de Vereadores de Vitória instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para apurar possíveis irregularidades na Cesan após alguns bairros de Vitória ficarem uma semana sem água. A comissão é formada pelos vereadores Gilvan da Federal (Presidente), André Brandino, Armandinho Fontoura (Relator) e Leandro Piquet.
No dia 07 de abril, o vereador Armandinho Fontoura (Podemos) fez uma dura denúncia contra a Cesan e seus diretores, chegando a mencionar que Weidson Ferreira, administrativo e comercial, da estatal, é conhecido como “Homem da Mala”. Na ocasião, o parlamentar revelou que já estava de posse de documentação suficiente para investigar a corrupção e o aparelhamento político da Companhia Espírito Santense de Saneamento.
Fontoura denunciou ainda obras com desvio de dinheiro e acusa o PSB de aparelhar a Cesan com fins políticos, além de ter deixado a cidade de Vitória sem água durante mais de uma semana. “Estamos recebendo ameaças de que o Palácio vai colocar a Procuradoria Geral do MP contra mim. Eu não tenho medo e dobro a aposta. Eu que vou pra cima de vocês”. Ameaçou.
Já no dia 18 de abril, em depoimento à CPI da Cesan, a engenheira civil, Sandra Sily, concursada, com mais de 35 anos de serviços ininterruptos na Cesan, explicou que erros técnicos ocasionaram a falta d’água de quase dez dias no bairros da grande São Pedro e grande Santo Antônio, em Vitória.
Os técnicos da companhia que faziam a manutenção das bombas de abastecimento foram demitidos para dar lugar a cargos políticos. Sandra Sily deu a entender que a atual diretoria da Cesan, por conta do aparelhamento político da companhia, ficou sem quadros técnicos em áreas estratégicas.
Disse ainda que a diretoria chamou às pressas esses técnicos para resolverem o problema de falta d’água na grande vitória, ocorrido em regiões de extrema vulnerabilidade social, resultando em prejuízo a comerciantes e moradores.
Inclusive a própria servidora concursada registrou na CPI que ela também foi convocada na crise pelo diretor financeiro Weidson Ferreira, que é apenas professor de história, ex-ocupante de cargos políticos nas Prefeituras de Cachoeiro e de Cariacica.
Ou seja, o diretor Weidson é um caso clássico desse aparelhamento político na Cesan com salário médio de R$ 30 mil reais mensais, ele não tem nenhuma formação técnica específica na área da companhia, tanto que precisou de encomendar um parecer da então Procuradoria Geral do Estado, assinado pelo Procurador Evandro Maciel Barbosa, para não ser barrado pelo comitê de elegibilidade, com base no artigo 17 lei das estatais (13.303/2016). Essa norma exige formação técnica específica na área da empresa, ou seja, saneamento.
O depoimento da servidora mostra que esse aparelhamento político da Cesan pelo PSB tem gerado prejuízo aos moradores de Vitória, em razão da má gestão decorrente dessa prática.
Questionada se já viu situação semelhante de falta d’água em bairros da Grande Vitória, por quase dez dias, Sandra Sily respondeu que nunca vivenciou isso em mais de 35 anos de serviço à companhia. Ela reconhece que a situação foi de comprovada falha técnica, inédita, de modo que a companhia deveria extrair um aprendizado desse erro.
A CPI da Cesan na Câmara de Vitória está mostrando que a agenda de ocupação política e uso eleitoreiro e financeiro da companhia estão violando as premissas da lei das estatais, substituindo a agenda técnica de trabalho por uma agenda de interesses particulares, contrária ao interesse público.