A colonização, a necessidade e a obrigatoriedade de desmatar – Parte II
Em seu romance, Virginia Tamanini descreve as dificuldades de um homem só derrubar a mata, fazer a queimada e cultivar sua terra. Esta era mesmo uma tarefa penosa. O relatório de Província de Mafra (1878, p.44) fala das dificuldades que os imigrantes encontram em derrubar a floresta e que os mesmos quase desanimavam frente ao difícil e indispensável trabalho de derrubada da floresta.
Mesmo diante das dificuldades aos poucos os terrenos iam sendo desmatados. No relatório de Província de Mascarenhas (1876), a substituição da mata pela povoação no Timbuhy, já é descrita: “O lugar em que se acha o Núcleo Timbuy, há poucos meses mata virgem, acha-se transformado em uma povoação florescente”.
Parte da Povoação do Núcleo timbuy pode ser observada nesta foto que se estima ser da década de 1870. Na imagem podemos observar a clareia aberta na Mata Atlântica, e muitos troncos espalhados pelo terreno.
A derrubada da floresta e a ocupação do território foram acontecendo de forma gradativa, de acordo com a chegada de novos grupos de imigrantes e a distribuição de mais lotes de terra. O entrevistado Alcebiades Feller, cuja mãe se estabeleceu em Santa Teresa por volta do ano de 1898, contou que existiam muitos locais onde só haviam picadas e outros que já estavam abertos e ocupados por famílias. Assim percebemos que a dificuldade da derrubada da mata e da limpeza do solo se estendeu às primeiras décadas da formação territorial de Santa Teresa.
Um informante afirma que, no início do século passado poucos eram os que tinham coragem de se aventurar para os lados do Rio Doce, principalmente pelo medo das doenças que eram transmitidas por mosquitos. Contudo a mesma floresta que amedrontava, segundo o entrevistado Melício Montibeller, também era fonte de alimento para seus familiares e para muitos imigrantes, as carnes de caça estavam presentes em muitas mesas nos primeiros tempos vividos no novo território.