O enfraquecimento da ideologia partidária
As eleições no Brasil, em 2018, revelaram o enfraquecimento da ideologia partidária. A intensa avalanche de partidos políticos como banco de negociações espúrias começou a ser neutralizada pelo eleitor e, agora, seguirá pela gradativa cláusula de barreira, mas que, por si só, não será suficiente para reestabelecer a democracia representativa no país. É preciso buscar resposta nas ruas.
A notória montanha russa de escândalos político-partidários, com a participação da iniciativa privada, revelados pela operação Lava Jato, contribuiu para que o eleitor, enjoado desta perigosa brincadeira de faz de conta, entrasse em campo de forma contundente para decidir o jogo, como fez Dadá maravilha, único jogador brasileiro a ser convocado por um presidente da República para a seleção de 1970, ao ser nomeado pela crítica como caneleiro: “O Dadá se preocupou tanto em fazer gols que não teve tempo para aprender a jogar futebol.” Calou a crítica!
Nesse momento, se a passagem para a etapa seguinte depende da vitória e, por conseguinte, de gol, não importa se o brasileiro não aprendeu ainda a jogar futebol. O que importa é que ele resolveu fazer o gol. E fez!
Um gol à moda do mesmo Dadá maravilha, cuja célebre frase “não me venham com a problemática que eu tenho a solucionática”, amolda-se ao desejo da maioria do eleitorado brasileiro que decidiu por superar o medo do novo para dar asas à esperança.
É certo que pouco se sabe sobre a etapa seguinte deste longo campeonato, até por que nada, ou quase nada, se discutiu sobre o conteúdo dos programas de governo dos candidatos, principalmente economia, educação, saúde, ética e segurança, principais temas garantidores do nosso lema: ordem e progresso, os quais foram superados pelo constante bombardeamento de fakenews, produzidas pela esquerda e pela direita.
A única certeza é que o povo rejeitou o perfil do centroavante patrimonialista, dos políticos donos dos provimentos de cargos comissionados decisórios, loteados por apadrinhados, especialistas em desvio de recursos públicos.
Portanto, não podemos deixar que a nossa democracia “suba no telhado”. É preciso, nesta próxima etapa, cobrar dos eleitos maior fiscalização e responsabilidade na reestruturação do modelo presidencialista de coalizão, de modo a arrefecera prática do clientelismo e do nepotismo e, por consequência, da corrupção, a qual acarreta prejuízos irreparáveis ao erário e à sociedade brasileira. Afinal, somos nós a extensão das ruas e a resposta ideal para o reestabelecimento da democracia representativa no país dependerá da conduta diária de cada um.