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JEITINHO BRASILEIRO: A FORMA CULTURAL DE RELATIVIZAR A CORRUPÇÃO.

Por Gregório Venturim

Estamos no inicio do ano e não paramos de contar os mortos, tragédias consecutivas em diversos seguimentos foram acontecendo, uma após a outra, sem que os brasileiros tivessem o mínimo de tempo para absorver o sofrimento trazido com essas perdas.
Em 25 de janeiro, a barragem de rejeito de minério da Vale, na cidade mineira de Brumadinho, se rompeu soterrando mais de 300 pessoas e causando gravíssimos danos ambientais.
Logo após, em 08 de fevereiro, no alojamento do Centro de Treinamento do Flamengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro, ocorreu um incêndio, no qual os atletas da categoria de base foram vitimados, sendo que 10 morreram e 3 seguiram para o hospital em estado grave.
Na sequência, em 11 de fevereiro, o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quatrucci, morreram num acidente de helicóptero, que caiu no quilômetro 7 da Rodovia Anhanguera.
Em todos esses acontecimentos, notasse o desprezo com a cautela e a forma abrandada e dissimulada de fiscalizar, ou seja, a prevenção na ocorrência de um possível dano, não se resolve com laudos arranjados, puxadinhos em container colocados em locais autorizados para estacionamento ou em empresas que formalizam sua atividade numa área e atuam noutra.
O jeitinho brasileiro é uma característica marcante da sociedade brasileira, que levado para o lado da criatividade não se revela danoso, podendo trazer atitudes positivas e até inovações para o nosso cotidiano. Porém precisamos ficar atentos, porque no momento em que utilizamos isso de forma a nos beneficiar em detrimento dos outros, estamos sustentando uma estrutura de pura corrupção.
Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais em 2009, mostrou que 77% dos entrevistados acreditam que a corrupção é um problema grave no país, contudo 35% desses concordavam que atitudes como sonegar impostos, quando altos e injustos, podem até ser um pouco errado, mas não tratavam como uma forma de corrupção.
A corrupção está instalada e é aceita de forma cotidiana nas entranhas de nossa sociedade, parte boa disso é que a pequena parcela da população entende isso como coisa comum, precisamos nos questionar, sobre qual é o nosso papel como indivíduos numa sociedade, o melhor do país, virá quando entendermos que mais importante que alcançar os resultados vantajosos, é fazer o correto e o ético, essa insistência na busca de facilidades e atalhos, nos conduzem para novas e intermináveis tragédias.