OpiniãoSlide

O uso de motocicleta na área rural

Por Aparecida Rampinelli

O uso de motocicletas na área rural deve-se ao fato de ser um meio de transporte bem ativo. Elas já respondem por uma parcela significativa dos deslocamentos realizados pelos trabalhadores agrícolas, transitando em meio rural, indo para as instituições de ensino, lugares festivos, lazeres no litoral, entre outras atividades cabíveis para o motociclista e o seu ágil, prático e sedutor veículo. O nosso trabalhador agrícola, que até há pouco tempo estava atrelado aos passos firmes e comedidos do cavalo ou a velocidade limitada de uma bicicleta ou de um fusca, depara-se, agora, com algo veloz, belo e potente.


E, ao completarem 18 anos, dirigem-se às clínicas credenciadas ao Detran, a Psicomast (Santa Teresa/ES), e Pommer Clínica (Santa Maria de Jetibá/ES), em busca da sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH). São jovens semi-alfabetizados e alfabetizados, a maior parte com escolaridade entre a 4ª a 8 séries. Uma população menor de ensino médio e uma população quase inexistente de ensino superior.
A situação do trânsito nessas zonas rurais está se tornando cada dia mais caótica, com um quantitativo imenso de motociclistas, a maioria filhos e filhas de lavradores proprietários e meeiros, que ganham ou compram com os seus suados salários, o instrumento de sua liberdade, a motocicleta.

Prancheta-6 O  uso de motocicleta na área rural


O seu descuido com a legislação de trânsito é extremamente visível: o uso do capacete no braço, roupas inapropriadas, velocidade além do limite permitido, muitas vezes descalço ou de chinelo de dedo, levando o carona sem capacete e trajes inadequados. Tudo isso faz parte da rotina desse profissional no trânsito.
Com uma grande população jovem e festeira, o clima frio colabora com a boa dose de bebida alcoólica que vão ingerindo pela noite adentro, sem temerem o retorno em estradas escuras, vias mal iluminadas, mal sinalizadas e sem acostamentos, e em uma velocidade acelerada, pois a pressa para chegarem em casa é redobrada. Os acidentes ocorrem aos montes, incapacitando e matando os nossos aventureiros lavradores, que entre um acidente e outro, vão deixando um grande sofrimento e um enorme vazio em seu meio familiar.


Como é o provedor, o braço forte do grupo familiar, a incapacidade gerada o impedirá de realizar os trabalhos rurais, ficando esposa e filhos menores desamparados, assim também em caso de morte. O prejuízo vai além, pois há as onerações dos cofres previdenciários que arcam com os auxílios-doença, aposentadorias por invalidez, pensão por morte e as despesas com os hospitais públicos.
E dessa forma, cada dia mais, estão os nossos jovens trabalhadores rurais, incapacitando-se para as atividades agrícolas, ou morrendo em plena juventude, colocando em risco o futuro de uma grande população.
Assim sendo, quem produzirá o alimento de amanhã que matará a nossa fome e fartará a nossa mesa, se não tivermos mãos de obra suficientemente fortes e saudáveis em nossas terras férteis?