O centenário de um herói
Quantos de nós, às vezes exageradamente, nos preocupamos em amealhar riquezas materiais desnecessárias, mesmo que, de tais atitudes possam resultar prejuízos para o semelhante, com reflexos para nos mesmos?
Mas, se meditarmos e atentarmos em busca de um caminho certo, sempre encontraremos um ponto esclarecedor. E, um deles, é a herança que nos deixou AUGUSTO RUSCHI – O PATRONO DA ECOLOGIA DO BRASIL! (LEI 8.917, DE 13 DE JULHO DE 1994). Com a famosa e destacada importância pessoal que merecidamente ele conquistou no Brasil e Mundo afora, Ruschi poderia ter angariado um patrimônio material-financeiro incalculável. Entretanto … Ele investiu em obras literárias, sem objetivar resultados financeiros. O bem exclusivamente material que possuía como herança, a antiga chácara no centro desta Cidade, legou-nos, inaugurando ali o MUSEU DE BIOLOGIA PROFESSOR MELLO LEITÃO . E, a seu pedido, foi sepultado em meio à floresta, na Reserva Natural de Santa Lúcia.
Aí está o exemplo! Exemplo de um homem sensato, desprovido de ambição, preocupado com o meio ambiente do Planeta Terra, A NOSSA VERDADEIRA CASA, que a natureza tanto se empenhou em preparar, manter e resguardar para o nosso bem estar e feliz convivência.
Mas, nós, às vezes preocupados apenas com o progresso, esquecendo o verdadeiro desenvolvimento, praticamos atos desnecessários, inconseqüentes, quer seja por meio de ações ou omissões. Daí resultam situações como aquela, que, infelizmente, ao completar os OITENTA E CINCO ANOS DO NASCIMENTO DE NOSSO GRANDE TERESENSE nos deparamos com aquela crise, jamais vivida, em resposta às agressões que resultaram e resultarão? do desastre ambiental por nós mesmos praticado: Uma enchente de inimagináveis proporções do glorioso córrego que atravessa nossa Cidade, invadindo casas, destruindo e inundando ruas, em virtude de uma chuva mais abundante.
Isto tudo ocorreu aos 85 anos do nascimento e aos 14 anos do falecimento de nosso inesquecível preservacionista Dr. Augusto Ruschi. Mas isso tudo veio em resposta à ocupação desordenada do solo. E, continuamos a lotear áreas de terra de forma ilegal, construir imóveis com número de andares incompatível com nossa pequena cidade situada entre montanhas, sem esquecer que chegamos a edificar sobre o leito do próprio rio. E esses menos favorecidos da sorte, que constroem e moram em áreas de topografia íngreme, tudo sem a devida orientação por parte de nossas autoridades competentes?
Meditemos e vivamos a verdadeira memória de nosso emérito preservacionista AUGUSTO RUSCHI!
(A enchente aconteceu em 20 de dezembro de 2000).