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Vadô e Paulo Cesar Vinha

Por Antonio Zurlo

O homem muda a natureza. Mas a natureza também muda o homem. Certamente o faz.
Por muito tempo insistimos em ver florestas como obstáculos a serem transpostos a ferro e fogo. E quão feios e insalubres, já nos foram os sertões, manguezais, cerrados e pantanais. Afora o fardo de ser fonte de lenha e refúgio para a caça, eram de tudo inóspitos esses “matos”, insalubres criadores de insetos e feras, causadores de medo e aversão. Mas algo mudara. Hoje sabemos que a feiúra e o medo residiam tão somente nos olhos do homem, nos olhos da época. Os tempos mudaram. O ver e o sentir também! Foi assim, com seu Vadô , que tantas matas deitara na pá de seu trator. Areia e grilagem eram seu ilícito intento e mata bonita era mata no chão. Até que um dia Vadô, foi chamado para auxiliar no combate a um incêndio florestal e salvar aquilo que sempre desprezara…

Era a restinga do Parque Estadual Paulo César Vinha!

O fogo corria intenso e febril, muito suor, cinzas e cansaço. Subitamente, o furor do combate apresentou a Vadô uma nova perspectiva: Que belo e imenso jardim era aquele que nunca antes havia notado? Tão rico em formas, em cores, em vida… Estiveram lá, antes, tantas bromélias, tantas flores, tantos adornos? Mas como?
Seus olhos, os mesmos de sempre, agora viam belezas e harmonia no que antes era feiúra e desordem. Naquele dia, naquela mata, ele daria tudo de si para preservá-la das chamas que avançavam. A natureza mudou Vadô, e marejou sua visão diante daquela cena. Ele disse que foi a areia nas vistas, mas quem esteve perto, viu, a plenitude em seus olhos!
Harmonia, imensidão e beleza!
Basta um segundo de lucidez, para que compreendamos: A natureza é a mais bela das artes, o mais profundo dos poemas o mais harmônico dos jardins!

Artigo de Gustavo Rosa publicado em www.ultimosrefugios.com.br