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Lições De Casa: Do “Pessanha Póvoa” Ao Flamenguinho

Por Kleber Médici

Em 22 de fevereiro comemorou-se a emancipação política de Santa Teresa. Sem dúvida, este é um dos dados básicos que muitos perderam, ainda que esta lição tenha sido anotada em nossos cadernos e nos cobrada frente a frente.


Na década de 1970, a professora, chamada de tia, nutria um respeito inimaginável comparado aos que frequentam os bancos escolares nos dias atuais. Ela, com a firmeza que lhe era peculiar, calmamente nos chamava à frente, ao lado da grande mesa, para conferir e cobrar a lição de casa.
Naquele tempo, muitos pais não conseguiam orientar seus filhos na lição de casa, não porque trabalhavam o dia inteiro, mas porque sequer sabiam ler e escrever. De outro lado, a palavra e, muitas vezes, o simples olhar, já era o suficiente para entendermos a lição em casa.


Quanto à emancipação política, o “decoreba” permitia responder na ponta da língua: “nesta data nos tornamos livres e independentes politicamente de Santa Leopoldina”. Era o necessário (Não esqueci, porque também marca o meu nascimento).


Além das belas lições na “Escola Pessanha Póvoa” os momentos de lazer tomaram um imenso espaço em minha memória. Nostalgia? Coincidência ou não, recebi de um amigo certo registro fotográfico do Flamenguinho, que me fez retomar a velha infância… Um turbilhão de lembranças!
Havia despontado 1974, quando ouvir era mais rotineiro do que assistir. Pelas bandas da Doce Terra dos Colibris a referência eram as grandes equipes do Rio: Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo. A gurizada sabia de cor a escalação da equipe do coração e era tanta admiração que nas peladas de várzea o diminutivo destes times imperava. Dentre eles, o Flamenguinho, do qual relembro o último torneio.


Passamos em frente à “Escola de Aplicação”, ao lado da casa oficial do prefeito, descemos a rampa de chão batido, passamos pela grande “ficus italiano”, pelo gramado, até alcançarmos a casa do “Seu Alfredo”. Com a sua autorização o torneio estava garantido. Quatro times disputando o grande prêmio: uma bola dente de leite.


Naquela tarde de sábado, a garotada invadiu a grande várzea, sob o olhar atendo do “Seu Alfredo”. Quatro times participaram, era “mata-mata”. Eu, Vitor Biasutti, Flávio de Oliveira, Marcos Sâncio, Carlos Sâncio e José Pasolini Júnior formávamos a equipe do Flamenguinho, a qual se sagrou campeã. A chegada de mais uma bola para as consagradas “peladas” no campinho do bairro do Eco e da “Escola de Aplicação” fez a felicidade de toda a “nação guri”.