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Isolamento afeta a economia teresense

Com o turismo prejudicado pela pandemia do covid, o impacto na economia foi duplo, além do comércio em sí, nossa principal atividade foi estrangulada pelas regras da quarentena. Várias lojas, bares e Indústrias da cidade começam a fechar. Dezenas de desempregados estão inseguros quanto às regras impostas ao comércio de Santa Teresa.

Por  Fernanda Salles

Santa Teresa já dá sinais de uma crise sem precedentes na economia. As consequências do isolamento sobre o turismo, e a proibição de alguns setores provocam desemprego e fechamento de lojas e indústrias. 

A cozinheira Gabriela Silva que dá apoio à Rua do Lazer, diz que não trabalha há 2 meses. “Gostaria muito que tudo voltasse à normalidade, pois necessitamos trabalhar, Graças a Deus ainda temos o Bolsa Família que permite a gente ir passando”. Conta.

O presidente do CDL de Santa Teresa Hugo Dettmann diz que a crise econômica em decorrência do Covid-19 em Santa Teresa está gerando uma crise social sem igual. Já são centenas de desempregados. Temos indústrias que demitiram mais de 70% do seu quadro funcional, e muitos comércios já tiveram que dispensar mais de 50% do seu quadro. Isso porque não estamos contando os profissionais freelancers como os garçons. A expectativa econômica era de ser um bom ano, infelizmente temos que nos reinventar e tentar romper esse cenário, que hoje está devastador. O impacto de uma crise como essa, pode demorar anos para ser recuperada.

O recepcionista Robson Grotta diz que o setor mais prejudicado é o da hotelaria.”Fico perplexo quando vejo as pousadas e hotéis fechados, demitindo e penso nas dezenas de estabelecimentos que acolhem o turista, pagando para se manter, sem retorno algum, é preocupante”. Adverte.

De acordo com o gerente da cervejaria Teresense, Odirlei C. Dematte, o impacto nos negócios foi muito grande. “Nesta época no ano passado estávamos trabalhando com 30 pessoas entre fixo e freelancers, hoje estamos com 7 e se mantiver esta medida descabida de restaurante não poder trabalhar aos finais de semana, reduziremos para 5, todos nossos funcionários são cidadãos teresense, priorizamos a mão de obra local, temos 25 pessoas sem renda ou seja, que não vão consumir no supermercado, nem na farmácia, se tiver doente, não vai pagar um médico, vai inflar a rede pública de saúde, com a entrega via delivery tivemos uma queda de 90% do nosso faturamento, isso assusta muito tendo em vista que somos um empreendimento grande e novo e que tem muito a colaborar com o desenvolvimento da cidade. Acredito que a população teresense tem que ver o turismo como oportunidade e não como ameaça, pois é ele que movimenta a economia local, é uma engrenagem, e o turista é o combustível, existem muitas famílias que se cuidam e estão vindo para cá com segurança, nos últimos dias passaram muitas famílias com crianças que queriam sair de casa para distrair e escolheram nosso município por acreditar em nós, por que sabem, que não colocarão sua família em risco, usar do argumento que o turista está trazendo o vírus para cá é uma covardia tremenda, muitas pessoas sofrerão de problemas psicológicos e é irreversível.  Num seminário de turismo que eu fui no Sheraton em Vitória promovido pelo Sebrae, esteve um palestrante que foi secretário de turismo de Barcelona na Espanha, ele foi responsável por transformar Barcelona no que é hoje, e o grande desafio dele no começo foi fazer com que o cidadão vendesse a cidade como um ponto turístico, a transformação daquela região começou depois que a comunidade abraçou a causa, Acredito que este é o início para transformar santa teresa também.

Wellington Lozer Giacomin do Restaurante Sta Teresa Rock Bar, diz que a situação vem piorando desde a baixa temporada. “Temos um estabelecimento em uma cidade turística, uma das mais belas da região. Contudo, desde o ano passado a visitação estava abaixo do esperado, principalmente no período de baixa temporada. Essa situação foi agravada com o isolamento social necessária para conter o avanço da contaminação. As medidas econômicas e linhas de crédito especiais não chegaram para nós. Tão pouco houve um entendimento favorável juntamente aos donos dos imóveis no sentido de flexibilizar os valores praticados com os aluguéis. São valores altos e dependemos das vendas para honrar com essa dívida. Não somos contra o isolamento, tão pouco estamos pedindo isenção de nossas responsabilidades. Mas a dificuldade financeira existe e mais cedo ou mais tarde vai bater à porta de cada um. Ao todo já somos 04 estabelecimentos fechados na rua do lazer, torcemos por nossos amigos que continuam bravamente tentando manter as portas abertas. É preciso estabelecer protocolos e segui-los. Manter, mesmo que minimamente, os estabelecimentos funcionando. Algumas pessoas são totalmente avessas ao turismo, mas é esse turismo que mantém os altos custos imobiliários, que, mesmo indiretamente, faz o comércio girar. Sem ele, certamente, a economia de Santa Teresa será afetada. Reitero a preocupação com a saúde, ninguém é irresponsável ao ponto de achar que está tudo bem e podemos trabalhar normalmente. Não é isso de forma alguma, somente que ambas situações têm que ser pensadas.

O representante Ronaldo Fortaleza, da Obra Prima importadora disse que em quase 60 anos de vida nunca viu isso. “Estamos caminhando para o caos. O impacto sobre o turismo de Santa Teresa vai ser um negócio acachapante. Imagine os restaurantes não abrirem os finais de semana, a quantidade de desemprego que vai gerar. O cancelamento das festas do Jazz, do Imigrante e o Festival da Uva e do vinho que são a vida do agroturismo, é catastrófico para a região. Está havendo dois pesos e duas medidas, a região Pedra Azul está abrindo no final de semana, continuam funcionando normal sexta, sábado e domingo. e os restaurantes estão funcionando na hora do almoço. Aqui em Santa Teresa está havendo muita interferência política, esse fechamento de bares e restaurantes vai gerar uma crise ainda pior. No ano passado eu vendi nessa época R$90 mil reais, hoje não consegui nem 20%, somente os pequenos supermercados estão comprando, Vai haver um grande impacto. Quem frequenta os restaurantes de Santa Teresa nos finais de semana são turistas, se abrir, e demarcar os espaços, tomar os cuidados necessários, não vai haver diferença, não vão aumentar os casos, neste momento não há mais controle. Pelo que sei os casos de Santa Teresa são em maioria de agricultores. Domingos Martins que têm o dobro da população de Santa Teresa têm o mesmo número de casos. Têm que haver uma flexibilização por parte do governo, bares e pizzarias tradicionais estão fechados há 2 meses, vai falir todo mundo?  Têm que abrir, pois agora agora é o tempo, Já está provado que os caras dos países neoliberais que fizeram o isolamento erraram, não deu certo.  Depois que passar a epidemia nós vamos descobrir que esse modelo dos liberais não deu certo. Os três países com maior número de epidemias é EUA, Inglaterra e Brasil, economia no liberal ultrapassada. O turismo nas montanhas capixabas vai se muito afetado, os produtores, a cadeia de bebidas, hotelaria, o impacto em um município pequeno vai ser enorme, tem que flexibilizar. Os municípios não podem pagar pelos erros cometidos pelo governo federal, o grande culpado pelo alastramento do coronavírus no Brasil é o governo federal, o vírus no Brasil hoje é ele, nós vamos pagar essa conta até quando? A flexibilização é necessária pois é uma questão de sobrevivência.

O Proprietário do Box Traspadini Fun Training, Rodrigo Traspadini Hermolau diz que as academias, ambientes conhecidos culturalmente como locais de promoção de saúde e qualidade de vida hoje vivem uma realidade complicada diante do cenário da Pandemia do Covid 19. Fechadas desde o dia 19/03 mediante decreto estadual sem até o presente momento, uma data concreta de retorno às atividades. O Brasil concentra o maior número de empresas fitness no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, hoje vivemos incertezas e se observa com tristeza muitas empresas do ramo fecharem as portas de forma permanente, por acúmulo de dívidas com alugueis, funcionários, financiamentos sem garantias de incentivos do governo com auxílio emergencial para a categoria. Na contramão do alto número de academias no país, de acordo com a OMS o país tem a maior concentração de pessoas sedentárias na América Latina, 47% da população não pratica atividade física, daí o grande número de pessoas classificadas como grupo de risco ao Covid, onde a maioria dessas doenças poderiam ser evitadas com práticas saudáveis regulares. A atividade física também auxilia na saúde mental evitando quadros de depressão e ansiedade tão presentes nesse cenário atual. O Profissional de Educação Física, ao lado dos outros profissionais da saúde é essencial na prevenção das doenças que têm acometido a sociedade e nas futuras doenças  que possam emergir. Reconhecemos a importância do isolamento social neste momento, porém como os demais setores nos preocupamos também com a saúde das nossas empresas e por isso pedimos ajuda aos governantes que nos auxiliem com ações concretas neste momento de crise mundial. Têm sido desenvolvidas propostas entre o Conselho regional da Educação Física, Associações de academias e governo baseadas nas orientações da OMS para o retorno futuro e gradual das atividades. Por enquanto, uma das alternativas encontradas para manter a população ativa tem sido a  prescrição de treinos online, onde os professores enviam vídeos de treinos diariamente e os alunos realizam em suas residências, porém não são todos os públicos que aderem a esse tipo de modalidade, mantendo assim a economia do setor em declínio.

O garçom também formado em  Jardinagem, Alex cavassoni de jesus, diz que costuma faturar de R$ 6 a 8 mil por ano com freelancer de garçom e serviços de jardinagem. “Ano passado eu faturei R$ 7,8 mil. No ano passado até o mês de Abril eu havia ganhado, R$ 2, 8 mil. Esse ano até o momento, meu faturamento foi de R$ 300,00. Reduziu muito. Nesse feriadão que passou, se tivesse normal, eu teria faturado R$ 600,00. Mas não ganhei nada, todos estão sofrendo muito com isso. Para mim o impacto foi grande, não sei quando que vou poder retomar a continuação de minha casa.

Wellington Lozer Giacomin do Restaurante Sta Teresa Rock Bar, diz a situação vem piorando desde a baixa temporada. “Temos um estabelecimento em uma cidade turística, uma das mais belas da região. Contudo, desde o ano passado a visitação estava abaixo do esperado, principalmente no período de baixa temporada. Essa situação foi agravada com o isolamento social necessária para conter o avanço da contaminação. As medidas econômicas e linhas de crédito especiais não chegaram para nós. Tão pouco houve um entendimento favorável juntamente aos donos dos imóveis no sentido de flexibilizar os valores praticados com os aluguéis. São valores altos e dependemos das vendas para honrar com essa dívida. Não somos contra o isolamento, tão pouco estamos pedindo isenção de nossas responsabilidades. Mas a dificuldade financeira existe e mais cedo ou mais tarde vai bater à porta de cada um. Ao todo já somos 04 estabelecimentos fechados na rua do lazer, torcemos por nossos amigos que continuam bravamente tentando manter as portas abertas. É preciso estabelecer protocolos e segui-los. Manter, mesmo que minimamente, os estabelecimentos funcionando. Algumas pessoas são totalmente avessas ao turismo, mas é esse turismo que mantém os altos custos imobiliários, que, mesmo indiretamente, faz o comércio girar. Sem ele, certamente, a economia de Santa Teresa será afetada. Reitero a preocupação com a saúde, ninguém é irresponsável ao ponto de achar que está tudo bem e podemos trabalhar normalmente. Não é isso de forma alguma, somente que ambas situações têm que ser pensadas.

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408