CulturaSlide

Entrevista com a escritora Mônica Ferrari

 A escritora Mônica Ferrari Seidel faz o lançamento do novo formato de sua obra “Lavoro Sacro” agora no ambiente web, convidamos Mônica para um bate papo. Confira.

Santa Teresa Notícia –  Sua obra traz uma narrativa poética sobre os atores contemplados, tendo como como pano de fundo as belezas da terra dos colibris. Esta vocação literária têm a ver com Santa Teresa?

Mônica Ferrari Seidel – Sim. Sou natural de Vitória-ES, mas com descendência italiana e alemã, filha de Carlos Elyezer Seidel e Neyla Therezinha Ferrari Seidel. Minha relação com Santa Teresa e a literatura surgiu na infância quando, entre prateleiras repletas de livros, na biblioteca de meu tio J. A Ferrari, na casa de minha avó materna, inaugurei meu momento de encantamento com a palavra escrita. Ali fui apresentada as obras de Machado de Assis e José de Alencar; à poesia de Vinícius de Moraes e à literatura clássica internacional. Fui uma criança introspectiva, que permanecia, por um longo tempo, envolvida com objetos acondicionados em gavetas que, em meu imaginário criativo, ocupava lugar de existência para os meus dias. 

mônica2-1024x170 Entrevista com a escritora Mônica Ferrari

STN – Ao publicar uma obra literária sobre a arte espontânea local, qual foi sua intenção ou sentimento?

Mônica – O projeto do livro “Lavoro Sacro: artesanias, cultura e memória” surgiu de uma interlocução entre a linguagem oral e a fotografia. Utilizei a narrativa como estratégia metodológica, entrevistando e escrevendo um texto para cada um dos dezoito artesãos retratados na obra. A proposta do livro é destacar o fazer artesanal como uma prática que escapa à velocidade e massificação dominante para dar lugar à liberdade produtiva de artefatos em pequena escala. Lavoro Sacro pretende apresentar os artífices a partir de uma perspectiva humanista – quem são esses protagonistas que abriram as portas de seus mundos para se contar? Ao escutá-los percebi que as mesmas mãos que realizam uma determinada atividade profissional de forma sagrada são, por algumas horas do dia, depositadas sobre um aprendizado que resgata a tradição de uma memória familiar afetiva. Cultivar essa memória significa dar luz às especificidades culturais de um determinado lugar, e fortalece o sentimento de pertencimento a um espaço de vida.

STN – Aqui é um berço de grandes artistas literários de renome. Você tem admiração por algum em especial ou como referência?

Mônica – Destaco o nome da escritora e artista plástica Virgínia Tamanini, que expressou a força de sua arte através de diferentes segmentos: literatura, música, teatro e pintura. 

STN – Você tem uma grande identificação com Santa Teresa. Fale dessa relação.

71641039_2428699483909432_2549238251827232768_o-819x1024 Entrevista com a escritora Mônica Ferrari
Monica Ferrari autografando o exemplar adquirido pela escritora teresense Sandra Gasparini.

Mônica – O livro “Lavoro Sacro: artesanias, cultura e memória” é dedicado à memória de minha mãe, uma teresense com alma. Ao longo de aproximadamente quarenta anos visitei Santa Teresa em sua companhia.Esses momentos tinham como marca a narrativa sobre a história dos familiares italianos que nos antecederam. Minha mãe tinha o hábito de destacar os detalhes de cada curva ao longo do percurso que nos levava até a Doce Terra dos Colibris, e enaltecia a beleza natural de sua terra. Um discurso pela via do amor. A partir de seu olhar criei um vínculo amoroso com a cidade. Passei a compreender o ciclo da natureza e o tempo de cada coisa, a sentir a força da mãe-terra ao caminhar com os pés descalços, e a respeitar o sagrado que há em cada um de nós. 

STN – Como você se sente compartilhando agora seu trabalho com os internautas, pessoas que não tiveram acesso à obra impressa?

Mônica – Considero uma oportunidade ímpar para disseminar a cultura de Santa Teresa. Em interface com essa ferramenta tecnológica será possível promover o reconhecimento pela história de vida e o fazer artesanal desses dezoito artesãos que compõem essa tessitura de memórias. 

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408

Um comentário sobre “Entrevista com a escritora Mônica Ferrari

  • Jurema querida, obrigada pelo comentário carinhoso. Você terá oportunidade de conhecer a história de vida e o fazer artesanal de dezoito artífices residentes no município de Santa Teresa por aqui, na Coluna de Cultura, do Jornal Santa Teresa Notícia, que, quinzenalmente, apresentará, um a um, todos os artesãos que compõem a obra impressa Lavoro Sacro. Boa leitura! Abraço afetuoso.

Fechado para comentários.