A vida dos colonos italianos em Santa Teresa no relato de Arrigo De Zettiry
– Parte 1
Simone Zamprogno Scalzer
Os primeiros italianos desembarcaram na Província do Espírito Santo em fevereiro de 1874, não ficaram satisfeitos com as condições que lhes foram oferecidas, na fazenda de Pietro Tabacchi, se revoltaram e parte deles a partir de junho do mesmo ano se estabeleceram no Núcleo Timbuhy (atual município de Santa Teresa). Muitas levas de imigrantes foram destinadas a esse núcleo, bem como para outras partes das terras do Espírito Santo nas décadas seguintes.
Em 1895 o Governo Italiano, proibiu novos embarques para o Espírito Santo. Cilmar Franceschetto explica que, em 1902, o jornalista e pesquisador da imigração, Arrigo De Zettiry, foi o comissário responsável por visitar o Espírito Santo e Minas Gerais. Desta visita resultou o relato: “Viagem às colônias italianas do Espírito Santo: Onde estão e como vivem os camponeses italianos no Espírito Santo – 1902”. Traduzido por Nerina Bortoluzzi Herzog e publicado, na Coleção Canaã, pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo.
Zettiry descreveu as condições em que viviam os imigrantes italianos e suas famílias em várias partes do Espírito Santo. Aqui vamos analisar os relatos referentes ao município de Santa Teresa.
Em Santa Teresa, Zettiry visitou além da Sede, as localidades dentre elas São João de Petrópolis e o Baixo Timbuhy. As condições das estradas ocupam uma boa parte deste relato. Zettiry descreve as estradas como “escassas, mal conservadas e penosas para percorrê-las” (2021, p.63). O jornalista e pesquisador italiano visitou a região no início do ano, no período de chuvas, o que deixava as estradas ainda em piores condições.
“Porém, todas as estradas das colônias não merecem ser chamadas de estradas. São picadas, como as chamam, ou trilhas, nas quais os viajantes são obrigados a percorrê-las um atrás do outro. Não é difícil que um viajante se encontre com outra tropa que viaja no mesmo sentido. Neste caso, é obrigado a segui-la por muito tempo a passo vagaroso, porque não tem como ultrapassá-la, por causa do caminho estreito e ocupado pelas mulas que, de um lado e outro da cangalha, transportam cargas e fardos incômodos. Logo que se percebe uma largura maior no caminho, que permita ao cavaleiro de cavalgar ao lado das tropas, é necessário apressar-se para poder alcançar a frente da tropa, antes que a mula que encabeça a fila e marcha na frente tome conta do caminho, que logo em seguida torna-se difícil a ultrapassagem e, assim, dessa maneira, se possa evitar um novo atrás” (ZETTIRY, 2021, p.57)
Essa deveria ser uma cena bastante frequente, uma vez que o transporte de café, das pequenas propriedades de Santa Teresa para o Porto do Cachoeiro de Santa Leopoldina, era feito por tropas.
A viagem até Santa Teresa, se iniciava com uma viagem de canoa até Santa Leopoldina, onde geralmente se pernoitava e na manhã seguinte se iniciava uma viagem, por cerca de 30 quilômetros. Zettiry, teria gastado 10 horas na viagem a cavalo, do Porto do Cachoeiro de Santa Leopoldina até a Sede de Santa Teresa.
“Encontrei as estradas em estado tão deplorável que superavam qualquer expectativa! Para dar estabilidade às estradas, costuma -se dispor paralelamente troncos de árvores, com pouca distância um do outro, ao longo do percurso, e sobre eles uma camada de terra. As chuvas contínuas transformam a estrada em um rio de lama. Além disso, as patas dos animais de carga, que viajam em tropas, carregando café e gêneros de consumo na descida e toda espécie de mercadoria na subida, acabam por remover aqueles troncos, deixando-os descobertos, na mais estranha desordem. Os quadrúpedes caminham penosamente, procurando naquela lama um espaço qualquer entre uma travessa e outra para pousar as patas. Com frequência, uma mula afunda na lama até a barriga e o cavaleiro que não está acostumado esbugalha os olhos sentindo-se encharcado, rolando naquela lama pavorosa que, às vezes, é tão grossa e pegajosa que as ferraduras do animal chega a se soltar. E outras vezes se apresenta como uma imensa extensão de caldeirões (caldeiras é este o nome que se dá àqueles poços de lama) cheios de uma espécie de pasta vermelha, amarela ou branca, de acordo com a cor da terra” (ZETTIY, 2021, p. 56).
Para o pesquisador, o “estado deplorável” das estradas contribuía até para agravar a pobreza. “De todas as seções do núcleo Timbuhy, as mais pobres são as menos acessíveis, por causa da distância e das péssimas estradas” (ZETTIRY, 2021, p. 73).
As péssimas condições das estradas era apenas um dos desafios enfrentados pelos imigrantes italianos, seus descendentes e por todos aqueles que moravam em Santa Teresa no início dos anos 1900. Nos próximos meses continuaremos a analisar outros aspectos apresentados no relato de Arrigo De Zettiry.
Referencia: https://ape.es.gov.br/colecao-canaa
La vita dei coloni italiani a Santa Teresa nella testimonianza di Arrigo De Zettiry
– Parte 1
Simone Zamprogno Scalzer
I primi italiani sbarcarono della Provincia di Espirito Santo nel febbraio del 1874 e, non contenta delle condizioni loro offerte nell’azienda agricola di Pietro Tabacchi, una parte di loro si ribellò già nel giugno dello stesso anno trasferendosi nel Nucleo Timbuhy (l’attuale comune di Santa Teresa). Molte leve di immigranti furono destinate a questo nucleo, come in altre terre di Espirito Santo nei decenni a seguire.
Nel 1895, il governo italiano proibì nuove spedizioni verso Espirito Santo. Cilmar Franceschetto spiega che, nel 1902, il giornalista e ricercatore dell’immigrazione Arrigo de Zettiry fu commissario responsabile di visitare Espirito Santo e Minas Gerais. Di questa visita è rimasta la testimonianza: “Viaggi alle Colonie Italiane di Espirito Santo: dove sono e come vivono i contadini italiani in Espirito Santo – 1902”. Tradotto da Nerina Bortoluzzi Herzog e pubblicato, nella Coleção Canaã, dall’Archivio Pubblico dello Stato di Espirito Santo.
Zettiry ha descritto le condizioni in cui vivevano gli immigranti italiani e le loro famiglie in varie parti di Espirito Santo. Analizziamo qui vari commenti relativi a Santa Teresa.
Nel comune di Santa Teresa, Zettiry visitò, oltre alla Sede, luoghi tra cui São João de Petrópolis e Baixo Timbuhy. Le condizioni delle strade occupano buona parte delle sue relazioni. Zettiry descrive le strade come “scarse, mal conservate e penose da essere percorse” (2021, p.63). Il giornalista e ricercatore italiano visitò la regione all’inizio dell’anno, periodo di piogge, cosa che lasciava le strade in ancor peggiori condizioni.
“Seppur la maggior parte delle strade della colonia non meritino di essere chiamate strade. Sono sterrate, quasi dei sentieri, dove chi viaggia è costretto a percorrerle in fila indiana. Può accadere che ci si imbatta in qualcuno davanti a noi che va nella stessa direzione e allora bisogna rallentare, perché non c’è possibilità di sorpasso a causa dello stretto percorso occupato dai muli che, da un lato all’altro del giogo, trasportano carichi e volumi molto grandi. Appena si intravede un allargamento che possa permettere il sorpasso bisogna farlo rapidamente per poter superare tutta la colonna, prima che i muli di testa riprendano la via una volta raggiunto il nuovo restringimento che nuovamente impedisce sorpassi con ulteriori conseguenti ritardi” (ZETTIRY, 2021, p.57)
Questa probabilmente era una situazione frequente, visto che il caffè delle piccole proprietà di Santa Teresa verso Porto do Cachoeiro di Santa Leopoldina era trasportato a dorso di mulo.
Il viaggio fino a Santa Teresa iniziava con un tratto in canoa fino a Santa Leopoldina, dove normalmente si dormiva e l’indomani si ricominciava un viaggio di circa 30 chilometri. Zettiry ci avrebbe messo 10 ore a cavallo da Porto do Cachoeiro di Santa Leopoldina a Sede di Santa Teresa.
“Ho trovato strade in uno stato talmente malridotto che andava oltre qualsiasi immaginazione! Per rendere le strade più stabili c’è l’abitudine di mettere in parallelo tronchi di albero, a poca distanza l’uno dall’altro, e sopra di essi uno strato di terra. Le continue piogge trasformano la strada in un fiume di fango. Oltre a ciò, le zampe degli animali da soma, che viaggiano incolonnati, caricando caffè e beni di consumo in discesa e qualsiasi tipo di mercanzia nella risalita, finiscono per spostare quei tronchi, mettendoli a vista, nel totale disordine. I quadrupedi avanzano con difficoltà, cercando tra il fango uno spazio tra una traversina e l’altra per appoggiare la zampa. Spesso l’animale affonda nel fango fino alla pancia ed il cavaliere che non è abituato strabuzza gli occhi sentendosi inzuppato, finendo in quel fango spaventoso che, a volte, è talmente spesso e viscido che i ferri degli animali si staccano. Altre volte ci si trova davanti immense pozze di fango piene di una specie di impasto rosso, giallo o bianco, a seconda del colore della terra” (ZETTIRY, 2021, p. 56)
Secondo il ricercatore, il “deplorevole stato” delle strade contribuiva ad aggravare le condizioni di povertà. “Di tutte le aree del nucleo Timbuhy, le più povere sono le meno accessibili, a causa delle distanze e dello stato delle strade” (ZETTIRY, 2021, p. 73).
Le pessime condizioni delle strade era solo una delle sfide che gli immigranti italiani, i loro discendenti e tutti coloro che abitavano a Santa Teresa all’inizio del XX secolo dovevano affrontare . Nei prossimi mesi continueremo ad analizzare altri aspetti presentati nella relazione di Arrigo De Zettiry.
Riferimenti: https://ape.es.gov.br/colecao-canaa