Entrevista com o empresário Rural Edimar Hermógenes
STN – Pode fazer sua apresentação?
Edimar Hermógenes – Meu nome é Edmar Hermógenes, sou empresário rural, casado, pai de três filhas e quatro netas, e hoje estou prospectando um modelo de agroturismo na minha propriedade, voltado para a segurança alimentar, pelo fato de que a maioria das discórdias mundiais e guerras, foi por causa de alimento.
STN – Iniciamos uma era de transparência no Brasil, e existe uma onda de moralização na política, o que você acha desse cenário?
Edimar – O que me preocupa quando se fala em transparência, é que a transparência por si só não muda nada, a transparência mostra, mas são os valores é que precisam mudar, as pessoas tem que olhar o gestor pelo merecimento, você percebe que nós estamos vivendo tempos difíceis onde um acusado que foi condenado em vários tribunais, é inocentado numa canetada e há ainda pessoas que o defendem, de que valeu a transparência? As pessoas tem que valorizar aquilo que é do povo, aquilo que é o suor das pessoas.
O cidadão tem que entender que a sua felicidade não pode vir com a desgraça do outro, não adianta ir no banco, pegar dinheiro do povo, e ele não merecer esse dinheiro, não ter esse merecimento, temos que fazer por merecer.
STN – Então o povo tem o governante que merece, é isso?
Edimar – Na maioria das vezes o povo sempre escolhe errado, porque os valores que o povo quer, são outros, portanto temos que parar de enxugar gelo e combater direto o problema, o problema está nas pessoas, as pessoas devem começar a olhar para aquilo que interessa, aquilo que vai mudar a situação.
STN – É uma questão de valores e crenças na sua opinião?
Edimar – Os valores nascem de família, eu costumo dizer o seguinte “A nossa geração, primeiro respeitava os pais, depois a Deus”, hoje a pessoa não respeita nem o pai, como é que ele vai respeitar a Deus? Temos que procurar valores de justiça, a sociedade tem que ver que nós chegamos ao final, estamos em uma guerra de costumes, de valores, de expressão, não dá mais para protelar, agora é hora do povo decidir, a valorização e a independência de um povo que vem com coisas simples, quando você entende que a honestidade e que o respeito ao outro não é qualidade e sim um dever, você começa a entender porque nos países desenvolvidos há justiça e as pessoas cumprem a lei, quando adotarmos essa prática, reduzimos todos os custos.
STN – Você acha que pode haver uma mudança de mentalidade por parte dos políticos no trato com a coisa pública?
Edimar – A responsabilidade com a mudança é do povo, o povo é que escolhe quem vai fazer a gestão pública pra ele, então, esse tempo está mais fácil escolher por conta de todas as verdades que estão aparecendo, esse é o grande feito das novas mídias que assumiram o papel importante de levar esse conhecimento a todos.
Quando a pessoa vai contratar um político, quando vai transferir essa representatividade, ele tem que fazer isso como se estivesse contratando pra ele, buscar o currículo, têm que buscar o passado dessa pessoa. Margaret Thatcher disse uma vez: “O dinheiro não é do público, o dinheiro é do povo”, por isso tem que colocar no legislativo pessoas que tem condição de fiscalizar e moralizar.”
No executivo você tem que escolher alguém que entenda de gestão de empresas, quem foi um empreendedor na vida privada, quem fez mudanças em sua vida.
STN – Você diz que o gestor deve ser empreendedor, qual a diferença?
Edimar – Na gestão privada trabalhamos com números, todos que assumem uma empresa, lidam com débito, crédito, custo, e tal, então quando você olha uma cidade você tem que olhar também na ótica desse valores, o que que a cidade tem, qual o gasto público de cada secretaria e no que que eu posso ser mais eficiente, e mostrar os resultados da sua gestão.
Olhando para o nosso município, é fácil você perceber que comparando os números da cidade, há vinte, trinta anos, você vê que os números caíram, isso vem acontecendo porque a cidade contratou os piores gestores, e os números continuam caindo, e a cidade está entrando em um buraco.
O modelo que a cidade está ocupando tem dia e hora para se extinguir, fazendo a mesma coisa, o resultado é sempre igual, então, a gestão tem que ser um modelo de gestão privada que dá resultados financeiros para o dono, a gestão pública, dá resultados financeiros para criar investimentos, para destravar, para ficar eficiente, é isso que é a visão nossa da gestão pública. Nós temos um problema sério na cidade de Santa Teresa, a cidade turística, foi aumentado monstruosamente o valor dos imóveis, e consequentemente os aluguéis. Em nosso cenário atual, mais de 67% dos munícipes ganham de meio, a um salário e meio, eles vão morar aonde? Só resta os morros, e aí você acaba criando bolhas de pobreza, campo fertil para a criminalidade, e as crianças dessa comunidade ficam desassistidas, ou a cidade corrigi isso agora ou teremos problemas sérios muito em breve.
STN – Para isso, deve haver uma mudança?
Edimar – Quando se fala em mudança, mudança nós já fizemos a vida toda, nós mudamos do nada pro nada, mudamos de casa, mas as crenças continuam as mesmas. As pessoas falam assim “o cara é honesto”, a honestidade é obrigação, agora, uma boa qualidade é a competência, a maneira de ver e solucionar o problema.Temos que mudar as crenças, para que os novos conceitos possam transformar a nossa vida, e trazer para nós a solução dos problemas. Nos metros de países europeus existe uma catraca que não paga, é de graça, mas ninguém passa, só no caso de extrema urgência. Aquele cidadão sente a dor do outro, quando alguém passa na frente de alguém, eles têm senso de igualdade.
Quando alguém quer privilégios, está tentando passar a sociedade para trás, está burlando a ordem e a lei.
STN – Como avançar nesse campo das soluções?
Edimar – A evolução chega quando você toma parte no problema, a solução aparece quando você se oferece para ser parte da solução. O que eu posso fazer para melhorar a minha cidade, cada um tem que ser responsável, a sociedade está aí pra isso, veja os povos evoluídos, um respeita o outro. É comum ver as pessoas atirando pedra no poder público ou no outro candidato, falando que alguém tem que fazer, mas ele não faz. Fácil é dizer: “eu quero a mesma lei para todos”, agora você cortar na carne, é a coisa mais complicada. Mas veja o exemplo de Minas Gerais, vai aqui um elogio ao Romeu Zema, antes de falar em cortar benefícios de repartições, ele cortou o dele, é isso que a gente tem que fazer.
STN – Mas você participa também desta política?
Sim – Participo, eu sempre financiei a política, eu nunca fui privilegiado por ela, vários gestores públicos chegaram aqui oferecendo ajuda, “Ah Edmar, eu vou te ajudar a fazer a pousada, vou te ajudar” não quero, isso é meu, vários cargos me foram oferecidos, mas todos meus indicados foram gente qualificada, desde quando eu cheguei em Santa Teresa.
STN – Exemplo de uma pessoa qualificada?
O Rodrigo Milanez, no Detran, que sempre foi um cargo político e eu acabei com o cargo político no Detran, indiquei o Rodrigo, que é um funcionário que corresponde e valoriza o dinheiro do povo, ele trabalha e a sociedade enxerga isso, é muito melhor ser atendido por um servidor que sabe servir.
STN – Mas ele era da sua equipe.
Edimar – Olha se o carro dele tinha um adesivo do Edmar, mas ele não tinha obrigação nenhuma comigo, sabe por que ele não tinha? Porque não sou eu que pago ele, somos nós que pagamos ele, a sociedade..