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A íngreme trilha da paixão

Mineira, nasceu em Belo Horizonte onde passou toda sua infância. Na escola se destacava nas aulas de arte. Na adolescência integrou uma banda de rock heavy metal. Aos 16 anos se encantou pela tatuagem. Sua mãe muito religiosa abominou a idéia. Apesar das muitas tentativas, nunca obteve permissão para fazer uma tatuagem. Casou e foi morar em Três Marias- MG às margens do rio São Francisco. Foi ali na vida simples em contato com a terra que Raquel redescobriu sua afinidade com as plantas e seu poder curativo. Aqui nessa entrevista, a tatuadora conta um pouco de sua vida e como chegou à terra dos colibris.

Santa Teresa Notícia – Antes de se dedicar à tatuagem você fazia o quê?
Raquel Sepulveda –
Fui costureira durante muitos anos, herdei de minha bisavó, avó e mãe que foram costureiras. Depois da separação do meu primeiro casamento, voltei para Belo Horizonte e foi aí que começou minha história com a tatuagem.

WhatsApp-Image-2019-02-26-at-17.13.47 A íngreme trilha da paixão

STN – Como foi isso? Com quantos anos?
RS –
Somente aos 30 anos eu tive coragem de desobedecer minha mãe. Escrevi uma carta para ela contando que eu ia fazer uma tatuagem, dizendo aquilo não para afrontá-la, mas para realizar meu desejo. Viajei para outra cidade distante 300km, e quando eu estava na sala para iniciar a tatuagem, minha mãe ligou e disse que ela não ia me julgar e que a decisão era minha. Daí, decidi aprender a arte da tatuagem, mas na época não havia internet, tudo muito difícil. Meu ex-marido conhecia muitos tatuadores, mas ninguém queria me ensinar, até que um rapaz se dignou a me ensinar, com muita dificuldade para juntar dinheiro fazendo costuras para pagar o curso, onde aprendi o básico. Meu primeiro material para começar a trabalhar foi muito difícil, não tinha crédito, peguei um cartão emprestado. Abracei meu embrulhinho e um amigo tatuador me disse: – “Abraça mesmo porque sua vida começa agora”. Até hoje carrego comigo minha primeira maquininha, olho pra ela e me pergunto como é que eu conseguia tatuar com aquilo.
Em seguida fui para outra cidade, Sete Lagoas, onde montei um bar temático só para motociclista e tatuava. Dizia que eu estava aprendendo. Minha história com a tatuagem começou ali, depois voltei para Belo Horizonte e montei um studio. Cresci, tinha tatuadores trabalhando comigo, tinha um bom negócio, mas com o tempo, a vida agitada – trânsito stressante, tributos, aluguel – tudo aquilo foi me cansando e resolvi mudar para o bairro, casa da minha mãe. Não pagava aluguel e tinha tempo para outras coisas.

STN – Como você chegou em Santa Teresa?
RS –
Acredito que o eterno nos conduz pelos caminhos de nossa missão. Conheci nessa época meu atual esposo que foi o responsável por eu vir para o Espírito Santo. Ele é carioca, mas capixaba de coração e aí a vida me trouxe para Santa Teresa. Tô adorando. Essa mudança me permitiu entrar em contato com a primeira paixão, as ervas medicinais.

STN – Vejo que você tem aqui cartas de tarô, pomadas, extratos de ervas e um jardim no studio. Um lado holístico?
RA –
Sim, este é meu diferencial. Quando morei em Três Marias tive minha primeira grande experiência com o plantio, e agora em Santa Teresa em um terreno de 15 mil metros, dá vontade de plantar tudo. Fiz um curso caro de fitoenergética que trabalha com a parte energética das plantas. São 118, semelhantes ao florais, mas são plantas energéticas. Fui curada de uma artrite com canela de velho, uma erva poderosa. Então compartilho com meus clientes essa dádiva da fitoenergética. Eu mesmo faço a pomada pós tatuagem e tenho alguns extratos. Peço aos meus clientes para retirarem uma carta do tarô de conselhos para uma planta medicinal e escolher um cristal para lhe transmitir energia durante a tatuagem. O domingo e a segunda dedico às ervas e atendo no studio de terça a sábado.

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408