A inspeção provincial no núcleo Timbuhy em registro do jornal “O Espírito-Santense”
Por Simone Zamprogno Scalzer
Continuando nossa análise de registros do Governo Provincial no Jornal “O Espírito-Santense”, vamos verificar o noticiário de 12 de fevereiro de 1876, que descreve a inspeção realizada pelo Sr. Luiz Betim Paes Leme, engenheiro responsável por realizar este trabalho em diversas colônias da Província do Espírito Santo.
Na comitiva de Paes Leme também estavam presentes o Diretor Sant’Anna Lopes, o chefe de Comissão Engenheiro Cassiano, os senhores Francisco Silva, Araújo Silva e outros.
No início do relato, o engenheiro responsável afirma não ter gostado da “natureza montanhosa da maior parte dos terrenos de Santa Leopoldina”, preferindo os do Timbuhy, núcleo que originaria tempos depois o município de Santa Teresa.
A comitiva de Paes Leme chegou ao Timbuhy em 31 de janeiro de 1876, poucos meses depois da abertura oficial deste núcleo colonial. O jornal descreve que o grupo foi muito bem recebido pelos colonos, com salva de tiros e vivas. As ruas estavam decoradas com bandeiras e folhas de palmeiras.
A comitiva se instalou em uma barraca onde se serviram com o jantar que trouxeram. Neste momento os colonos teriam se reunido em frente ao local, cantado e dançado até por volta de onze horas da noite. Junto com os colonos estava o Padre Domenico Martinelli, sendo chamado pelo Engenheiro Paes Leme para dirigir saudação àqueles imigrantes. A partir desse momento o “Sr. Comissário passou a examinar tudo, a informar-se dos colonos sobre seu estado, prestando maior atenção ao que via e ouvia”.
No dia seguinte, o Sr. Paes Leme e sua comitiva encontraram na mata os agrimensores Von Lipp e Paulo Silva medindo novos lotes. Nos dias seguintes, a comitiva também percorreu parte da Estrada de Santa Thereza. Segundo relatos dessas autoridades, os colonos estavam satisfeitos com seus lotes de terra e com a nova vida no núcleo como descrito no trecho:
“Todos os colonos do Timbuhy declararam-se contentes e confiantes na prosperidade de um futuro muito próximo, a ponto de mais de trinta deles terem escrito para a Europa convidando seus parentes e patrícios a virem se estabelecer no Brasil, na Colônia de Santa Leopoldina, onde há para eles meios de prosperidade e fortuna”.
Analisando outros documentos históricos e relatos orais de descendentes, confirmamos estas últimas informações apresentadas pelo jornal. Apesar de todas as dificuldades vividas no novo território, para muitas famílias imigrantes esta ainda era uma opção de vida melhor do que as disponíveis na Itália e outros países europeus na segunda metade do século XIX. A maioria não conquistou fortunas, mas obtiveram o sustento familiar e a paz nos lotes de terras que compraram do Governo Provincial do Espírito Santo.