A maldição do parque em Santa Teresa, Sesc desiste de fazer hotel
Depois de desobedecer por anos, sob o comando de Gutman Uchôa, a decisão judicial que permitia o livre acesso da população teresense ao Parque Temático Ecoturístico Augusto Ruschi, e da manutenção do local, o Sesc, agora sob novo comando, desiste do local.
O Parque Temático construído no terreno comprado por teresenses e doado para o Estado para a construção da casa do governador, (1968), é o protagonista de mais um capítulo do imbróglio criado pelo “Baianinho” na terra dos colibris.
Santa Teresa há até pouco tempo, era a capital de veraneio do Estado do Espírito Santo, mas em 2007, no auge da era Lula, o governador Paulo Hartung doou a área (que possui 100 mil M²) para o município fazer o Parque Temático Ecoturístico Augusto Ruschi, foram alocados verbas federais para a implantação do projeto 1.050.000,00 (um milhão e cinquenta mil reais). Nunca funcionou ou inaugurou, a fraude foi denunciada e o TCU pediu contas ao governo municipal por desvios de recursos e o governo do Estado enfrentou uma ação popular que o acusava de desvios de finalidade. Em 2010 o Ministério do Turismo emitiu um relatório onde apontava desvio da verba acima citada, pedindo o ressarcimento aos cofres públicos. O governador em sua saída em 2012 no último dia, em uma articulação com a Assembleia Legislativa, transferiu o terreno novamente para o Estado e doou ao Sesc. O Sesc sempre anunciou a construção de 280 apartamentos. Durante esse tempo houve algumas manifestações da sociedade civil que sempre se mostrou contrária ao desmanche da Casa do Governador que era um lugar belíssimo, para acabar no abandono com os bens móveis e imóveis dilapidados. Bens históricos que poderiam ser preservados.
Vamos devolver
Jornais da capital noticiaram que o comando da Federação do Comércio do Espírito Santo decidiu que vai devolver a área onde era a casa do governador, doada ao Sesc pelo governo do Estado. O presidente da Fecomércio/ES, Idalberto Moro, já informou o governador Renato Casagrande da decisão. O processo burocrático que envolve a devolução já foi iniciado. “Passamos todo o primeiro ano da gestão avaliando o projeto e chegamos à conclusão de que a prioridade do Sesc não é a abertura de novos quartos de hotel. Nossa prioridade é investir mais em equipamentos culturais e sociais. Por conta disso, não vamos tocar o empreendimento de Santa Teresa, a decisão está tomada e já foi referendada pelo conselho do Sesc”. Afirmou.
Qual será o destino da área?
A devolução repentina, nos faz pensar nas intenções dos atores desse teatro, nesta tragicomédia de dilapidação e desvio do erário público. O que nos reserva os próximos capítulos?. Nos últimos anos temos assistido a tentativa de extinção de dois parques municipais, a extinção do Museu Mello Leitão, a promoção de plantio de eucalipto no território de Santa Teresa pelo Inma e Incaper, a tentativa de doação de parte da reserva Santa Lúcia e tantos outros danos ambientais que bem conhecemos. Quem está por trás de tudo isso?
Em 2006, Santa Teresa era a capital de verão do Estado, possuía 3 parques municipais, um deles era o único museu de história natural do ES e 2 reservas. Desses bens só nos restou as reservas. (que o governador tinha dado para Santa Leopoldina e a sociedade civil recorreu e recentemente foi devolvida). O município necessita de administradores que tenham um mínimo de amor a essa terra, caso contrário os políticos eleitoreiros irão sucateá-la.