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A Quarta Onda

Por Kleber Medici

Depois de ter passado o dia ouvindo asneiras de todos os extremos que só servem para trazer mais incertezas sobre o amanhã, na noite de ontem, 27/05, distante das infindáveis mensagens recebidas através da mobilização de robôs, tive tempo para assistir à Live: “Covid-19 e saúde mental: quarta onda”.

Apresentada pelo médico e deputado estadual Dr. Emílio Mameri e tendo por convidado o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Dr. Antônio Geraldo da Silva, ficou evidente que, além de fazermos a nossa parte enquanto cidadãos, noutra banda, novas políticas públicas capazes de promover e preservar a saúde mental da população são necessárias.

Toda onda, sobe, surfa e morre, relembrou o psiquiatra. Interessante que o ciclo humano também é assim: nasce, cresce, envelhece (se desenvolve) e morre. A pandemia também tem seu ciclo, aproximadamente 14 meses. 

Além dos óbitos chamados por Da Silva de primeira onda, outros danos causados pela pandemia, mas atualmente ofuscados por uma cortina de fumaça, foram registrados pelo professor, a exemplo, a interrupção de tratamentos de outras doenças e de intervenções cirúrgicas (segunda onda); a suspensão do uso de medicamento por conta e risco do paciente, diante do medo de baixar a imunidade e o adiamento de consultas importantes com medo de ser infectado (terceira onda). 

Ao citar a quarta onda pontuou que não diz respeito ao sofrimento psíquico, ou seja, o mero dissabor em razão de uma briga ou pela derrota de seu time, algo passageiro, destaca que representa os traumas psíquicos, as doenças mentais, o suicídio, causados ou alimentados pela pandemia. 

O médico psiquiatra destacou que 50% das pessoas que apresentam quadro depressivo tem chance de reincidência e que, daquelas que passam por novo tratamento, 50% pode ter novo quadro depressivo, o que justifica a afirmativa de que a quarta onda vai muito além da pandemia e causará significativo impacto psíquico na sociedade. 

Apesar da incerteza, medo e estresse, é preciso, como ensinou Da Silva, pegar o limão e fazer dele uma limonada.A incerteza é apavorante, mas qual o grau de pavor que pretendemos dar a esta incerteza?Hoje, a ciência recomenda como prevenção manter os cuidados higiênicos, principalmente, usar máscara e lavar as mãos adequadamente e, em segundo lugar, ficar em casa, à medida do possível. E para a mente?

As dicas repassadas na Live Sugerem um ritual diário, como horário para acordar e dormir; sentar-se à mesa para uma boa conversa, para o café da manhã, almoço, lanche e jantar; ler um bom livro, estudar, assistir a um bom filme, fazer exercícios regulares, dentre outras atitudes. No mais, quando possível, manter a rotina de trabalho faz parte deste ritual.

De outro lado, é preciso uma assistência psiquiátrica de qualidade para todos os brasileiros, principalmente para os usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), sem qualquer preconceito.

Neste contexto, ficar lamentado e cultuando o achismo não vai desacelerar apropagação da Covid-19. Não dá para ignorar a ciência como há pouco tempo atrás fizeram alguns ao combaterem o uso de vacina, o que foi bem lembrado pelo professor. Agora, mais do que nunca, nossa geração clama por uma vacina para eliminar o inimigo invisível.

Escutando a ciência e a música de Lulu Santos e Nelson Motta vamos aprendendo a viver, porque “nada do que foi será de novo ou do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará, a vida vem em ondas, como um mar, num indo e vindo infinito. Tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu a um segundo, tudo muda o tempo todo no mundo…”.

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408