ColunistasSimone Zamprogno Scalzer

A representação da natureza que os imigrantes encontrariam no Brasil do final do século XIX, em relato do consul italiano Carlo Nagar (1895).

Analisando documentos podemos observar várias faces do mesmo fato histórico. Em seu relato o Cônsul Italiano Carlo Nagar, em 1895, descreve uma natureza exuberante, no entanto, no restante do documento apresenta situações que culminaram em um decreto do governo italiano proibindo a imigração para o Espírito Santo. O trecho analisado é retirado das páginas 33 e 34 e o Cônsul faz uma grandiosa propaganda às riquezas naturais presentes no Espírito Santo.

Sem-título A representação da natureza que os imigrantes encontrariam no Brasil do final do século XIX, em relato do consul italiano Carlo Nagar (1895).

Demonstram-se no trecho todas as potencialidades da exploração desse espaço, descrevendo estratégias e enumerando possibilidades o autor, expõe as características para explicar as potencialidades presentes naquela terra. Na visão de NAGAR as imensas florestas forneceriam madeiras para construção o que representava a moradia e a estrutura necessária para a vida na colônia e a presença das plantas medicinais citadas, passa a sensação que mesmo vivendo em meio a esta grande floresta a saúde estaria garantida.

Merece destaque também a questão do trabalho onde o trecho: à fácil cultivação do café, que em geral província, formando a única e verdadeira riqueza, dá a ideia de um trabalho que seria feito sem muito desgaste e esforço, que apresentaria alta produtividade e que este trabalhador teria em suas mãos a riqueza, portanto nada o impediria de pensar que também ficaria rico.

O café também representaria o trabalho para o ano todo como confirma NAGAR no trecho: De tal modo, os trabalhos da colheita duram quase todo o ano. E retornando ao início do trecho pode-se afirmar que mesmo quando o café não lhes fornecesse o trabalho, as madeiras para construção representariam outra opção e desta forma, nunca ficariam ociosos.

Também observamos no trecho, que o café não é a única opção, no trabalho agrícola, outros cultivos também são praticados como a cultura do algodão e da cana-de-açúcar e a alimentação estaria garantida pelo plantio dos gêneros alimentícios como o milho, o arroz, o feijão, a mandioca, a batata e outros cereais e tubérculos. Na falta de todas essas possibilidades apresentadas o imigrante tinha ainda a sua disposição alimentação abundante disponível na própria natureza como confirma o trecho: Ao longo dos rios do interior a caça é abundante e suas águas são ricas em peixes.

Apresenta-se ao imigrante, uma série de opções que a natureza da região oferecia principalmente moradia, alimentação e trabalho, estando tudo à sua espera e disposição. Contudo devemos lembrar que a relação inicial com a natureza não foi tão fácil, que os imigrantes enfrentaram inúmeras dificuldades.

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408