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A visita da Princesa Teresa Cristina da Baviera – (Parte 1)

Por Simone Zamprogno

Em 2013, o Arquivo Público do Estado do Espírito Santo publica o livro: Viagem ao Espírito Santo, que é a tradução de três capítulos do livro: Viagens pelos trópicos brasileiros, da Princesa Teresa Cristina na Baviera. Os capítulos abordam a passagem da princesa pelas terras capixabas. Neste artigo, baseado no livro, destacamos a passagem da princesa por Santa Teresa.

Therese Charlotte Marianne Auguste, nascida em 1850, a Princesa Teresa Cristina da Baviera, era filha do rei Luitpold, que esteve no trono do reino de 1886 até 1912, e de Augusta Ferdinand. Autodidata, a princesa adquiriu conhecimentos de zoologia, geografia, botânica, história natural e idiomas, com ajuda apenas de algumas aulas particulares. Aos 25 anos iniciou suas viagens científicas pela Europa e depois América do Sul, onde visitou inúmeros lugares. Devido a suas viagens, estudos e escrita de livros, nunca se casou ou teve filhos. Em 1888 esteve no Espírito Santo e em terras que hoje correspondem ao município de Santa Teresa da noite do dia 28 de agosto, até a manhã do dia 31 do mesmo mês.

Princesa Teresa Cristina da Baviera, na juventude

A princesa partiu do Porto Cachoeiro de Santa Leopoldina, passou por Santa Teresa, desceu em direção a São João de Petrópolis, e descreveu essas estradas como caminhos muito estreitos onde os cavalos precisavam seguir em fila indiana. (BAVIERA, 2013, p.59-70). Com este trajeto refez o caminho que milhares de imigrantes percorreram para se estabelecerem em Santa Teresa. Teresa conta, que a viagem a pé durava o dia todo e a cavalo durava mais de seis horas (BAVIERA, 2013, p.54).

Teresa e sua comitiva se alojaram na Vila de Santa Teresa das 23 horas do dia 28 de agosto às 12 horas do dia seguinte. Na oportunidade, a princesa redigiu uma descrição da Vila de Santa Teresa, e ao final chamou-a de “povoado sem graça”:

A localidade, que pertence a Timbuy, ex-colônia de Santa Leopoldina, se situa entre as montanhas de altura média, muito próximas umas das outras, bem perto do riacho Timbuy. Ela consiste apenas em casebres feios com muros em volta, e de uma igrejinha que ainda não conta com sacerdote. As casinhas tem telhados cinza e, sem contar as janelas e as portas, lembraram um pouco as casas dos camponeses do Tirol, de modo que daria até para pensar que estamos lá. Bem de acordo com o costume italiano, a torre da igreja com o sino se encontra à parte (BAVIERA, 2013, p.61).

Um ponto importante a ser considerado, na observação da princesa Teresa, é que, não por acaso o território reproduzia algumas características do território italiano deixado no momento da emigração. A princesa da Baviera constatou ainda a facilidade com que italianos aprenderam o português.

Os dois peões cavaleiros também tiroleses italianos, mas se comunicavam entre si em português. Interpelado por que todos os italianos entre si falavam o idioma estrangeiro [português], ele disse que isso vem de forma natural quando alguém ouve sempre esse idioma perto de si. Essa facilidade de deixar a língua materna para trás, segundo minhas observações, só acontece no caso de imigrantes cujo idioma está próximo do novo país. Desse modo, romano não portugueses adaptam-se facilmente ao português no Brasil, ao passo que imigrantes alemães conservam o uso de seu idioma por toda a vida em sua comunicação pessoal (BAVIERA, 2013, p.62).

Ao contrário do que ocorreu com os vizinhos pomeramos, os italianos que se estabeleceram no Núcleo Timbuy/Santa Teresa, tiveram a língua como uma aliada na adaptação ao novo território.