Ao longo do tempo
Por Myrian Loureiro – Artista Plástica
Lendo um jornal local em Vitória, encontrei anúncio de um curso para conhecimento sobre artes com o D. Elfriede Orssichi Slavetich, austríaca, arqueóloga, tradutora, professora da UFES, como tal esmerava em conhecimentos artísticos.
Divino ouvi-la mostrar obras e dizer “essa eu conheço”, eu ficava encantada pelo poder do seu saber… enfim, através de suas pesquisas aqui em nosso estado, com sua simplicidade, viajando, procurando, conversando, sentindo o viver do povo, mostrou-nos como que o despontar artístico se promove apenas por existir dentro do ser humano… contou-nos que ao nos visitar, aqui em Santa Teresa, encontrou em algumas cozinhas, ao invés de paninhos de crochê como se faz hoje, prateleiras dos armários ornamentadas com graciosas, singelas, floridas, tipo franjas de papel recortadas, um fazer nobre, belo, único, passado através do tempo, demonstrando que a arte flui, aparece, ela apenas desponta, permanece para apenas ser.
Esse fato tocou-me profundamente porque vi minha mãe ensinando como recortar o papel também para a nossa cozinha, lembro-me da tesoura (objeto precioso) , era um ambiente místico, claro, de amor, doação, de sorrisos, transmitia o propósito do belo…
Então a Lei Aldir Blanc mostra impulsionar, valorizar, segurar o baluarte dos promotores da música, pintura, escultura, dança cinema, poesia e tantos outros… Assim o que se apresenta nessa busca para contemplar valores é sagrado e justo. Sendo que daquele tempo das prateleiras ornadas com picotes de papel extremamente originais, constituem no meu pensar hoje, um labor que por certo, também seria reconhecido…