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As 38 marcas de azeite de oliva impróprias para consumo no Brasil

38 marcas de azeite reprovadas em teste de qualidade são consideradas impróprias para consumo. Maioria das fraudes foi feita com a mistura da oliva com óleos de origem desconhecida

azeites-proibidos-almanaquesos-500x263 As 38 marcas de azeite de oliva impróprias para consumo no Brasil

32 marcas de azeite de oliva impróprias para consumo foram retiradas de circulação nesta quarta-feira (2). O anúncio é do Ministério da Agricultura. As novas marcas fraudadas se somam a outras 6 que já haviam sido suspensas em julho deste ano.

Para comprovar a fraude, foi utilizado um equipamento que emite raios infravermelhos, capazes de fazer a leitura dos ácidos graxos que compõem o produto instantaneamente. Amostras também passaram por um aparelho que detecta óleos refinados e misturas, mesmo que em níveis muito baixos.

As fiscalizações que detectaram as marcas irregulares são resultantes da Operação Isis, iniciada em 2016. O Ministério da Agricultura afirma que o “processo é lento” porque envolve exames laboratoriais, notificação dos fraudadores, perícias, períodos para apresentação de defesa e julgamentos desses recursos em duas instâncias administrativas.

“Embora os supermercados tenham sido alertados quanto às marcas que sistematicamente produzem azeite fraudado, muitos comerciantes ainda insistem em vender esse tipo de produto em razão do baixo preço”, diz o ministério em nota

“Se os supermercados adquirirem e ofertarem os produtos com irregularidades, serão penalizados”, afirmou em nota o coordenador Fiscalização de Produtos Vegetais do Ministério da Agricultura, Cid Rozo.

As redes de supermercado e atacado onde esses azeites foram encontrados serão intimadas a informar os estoques existentes. As que forem flagradas vendendo as marcas após advertência poderão sofrer multa de R$ 5 mil por ocorrência, mais 400% sobre o valor comercial dos produtos.

De acordo com o Ministério da Agricultura, é considerado azeite de oliva “o produto obtido somente do fruto da oliveira, excluído todo e qualquer óleo obtido pelo uso de solvente, ou pela mistura com outros óleos, independentemente de suas proporções”. Ou seja, o uso de qualquer outro produto no azeite já se torna uma fraude.

A seguir, confira as 38 marcas de azeite de oliva impróprias para consumo:

1. Aldeia da Serra

2. Barcelona

3. Casa Medeiros

4. Casalberto

5. Conde de Torres

6. Costanera

7. Dom Gamiero

8. Donana

9. Évora

10. Flor de Espanha

11. Galo de Barcelos

12. Imperador

13. La Valenciana

14. Lisboa

15. Malaguenza

16. Olivaz

17. Olivais do Porto

18. Oliveiras do Conde

19. Olivenza

20. One

21. Paschoeto

22. Porto Real

23. Porto Valencia

24. Pramesa

25. Quinta da Boa Vista

26. Quinta Lusitana

27. Quinta D’Oro

28. Rioliva

29. San Domingos

30. Serra das Oliveiras

31. Serra de Montejunto

32. Temperatta

33. Torezani

34. Tradição

35. Tradição Brasileira

36. Três Pastores

37. Vale do Madero

38. Vale Fértil

“Ouro líquido”

O azeite de oliva é conhecido como ‘ouro líquido’ no sul da Europa. Afinal, trata-se da principal fonte de gordura dentro da festejada dieta mediterrânea, composta ainda por pescados, vegetais, nozes e castanhas.

“O azeite de oliva é rico em ácido oleico, um tipo monoinsaturado que dá estabilidade ao produto e proporciona diversos benefícios à saúde”, destaca Juliano Garavaglia, doutor em biologia celular e professor das universidades Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul.

Entre os efeitos clássicos desse nutriente estão a capacidade de baixar o colesterol LDL, que ameaça as artérias, e alavancar o HDL, considerado vantajoso.

Ocorre que a gordura boa não é o único trunfo do suco da azeitona. De acordo com Paulo Freitas, engenheiro de alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (SP) e degustador profissional do produto, o fato de ele não passar por refino também o torna uma bela fonte de vitaminas e polifenóis.

O lado infeliz está justamente relacionado às fraudes do produto, que apresentam dois problemas graves. O primeiro é a presença de azeite lampante, permitido apenas para uso industrial. “Ele tem muitos defeitos ligados a deterioração e conservação”, define o olivicultor Guajará Oliveira, presidente da Associação Rio-Grandense de Olivicultores.

Para uma marca ofertá-lo ao consumidor, precisa antes corrigir suas imperfeições. Ou seja, deve refiná-lo. Feito isso, o óleo pode ser comercializado apenas como azeite de oliva. Nada de ‘virgem’ ou ‘extravirgem’.

O segundo problema é que esse líquido repleto de falhas (azeite lampante) costuma ser misturado a outros óleos vegetais, como de soja, milho e girassol.

Títulos

O título de versão mais pura e saudável vai para a extravirgem. “É basicamente o suco da azeitona”, explica Paulo Freitas. O virgem, por sua vez, tem defeitos sensoriais sutis, mas carrega os cobiçados antioxidantes.

O azeite problemático é mesmo o lampante, que precisa passar pelo refino para ser oferecido nas gôndolas. Esse processo extrai tudo do produto. Então, assim como as imperfeições, vão embora aroma e sabor. “Sobra só gordura”, diz a médica Olvânia Oliveira.