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Brasil perde a memória com incêndio do Museu Nacional

O Museu Nacional, que foi atingido por um incêndio na noite deste domingo (2), é a mais antiga instituição cientifica do país e guarda em seu acervo mais de 20 milhões de itens.

O Museu Nacional, que foi atingido por um incêndio de grandes proporções na noite deste domingo (2), está há pelo menos três anos funcionando com orçamento reduzido.

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A situação chegou ao ponto de o museu anunciar uma “vaquinha virtual” para arrecadar recursos junto ao público.para reabrir a sala mais importante do acervo, onde fica a instalação do dinossauro Dino Prata. A meta era chegar a R$ 100 mil reais.

Em junho, o museu completou 200 anos, mas já era visível a necessidade de obras urgentes. A instituição, porém, não tinha recursos para realizar a restauração, uma situação que começou há vários anos.

A instituição deveria receber um repasse anual de R$ 550 mil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que passa por uma crise financeira. Há três anos, o museu só tem recebido 60% deste valor, e não tinha recurso para pesquisa e manutenção as áreas de exposição foram reduzidas.

A falta de recursos afetou inclusive o funcionamento do museu. Há mais de 15 anos os visitantes não podem ver o esqueleto gigante de uma baleia Jubarte, por exemplo.

Além disso, uma infestação de cupins destruiu a base onde estava instalada a reconstrução do fóssil de um dinossauro de 13 metros que foi descoberto em Minas Gerais, e viveu há 80 milhões de anos.

Em 2015, o Museu Nacional chegou a fechar as portas por causa do atraso dos repasses do governo federal, os serviços foram interrompidos por falta de pagamento a funcionários.

A UFRJ afirmou, que tem feito todos os esforços para garantir o funcionamento pleno do Museu Nacional, apesar dos cortes no orçamento. A universidade garantiu ainda que tem buscado fontes suplementares de recursos, como o financiamento de R$ 20 milhões do BNDES.

Também em maio, o Ministério da Educação informou que, neste ano, os repasses à UFRJ serão maiores do que o ano passado, de R$ 3 bilhões. O valor inclui todas as despesas, inclusive as que são obrigatórias, como o pagamento de funcionários – despesas com reforma de edifícios, por exemplo, são discricionárias, e podem ser afetadas por cortes orçamentários.

O Museu Nacional é a mais antiga instituição cientifica do país e guarda em seu acervo mais de 20 milhões de itens.

luzia-edit2-300x241 Brasil perde a memória com incêndio do Museu NacionalEntre eles, alguns dos mais relevantes registros da memória brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, como o fóssil humano mais antigo já encontrado no país, batizada de “Luzia”, que faz parte da coleção de Antropologia Biológica.

Criado por D. João VI em 1818, o museu completou 200 anos em junho deste ano. Logo que foi criado, serviu para atender aos interesses de promoção do progresso cultural e econômico do país.

Criado por D. João VI em 1818, o museu completou 200 anos em junho deste ano. Logo que foi criado, serviu para atender aos interesses de promoção do progresso cultural e econômico do país.

Foi lá que a princesa Leopoldina, casada com D. Pedro I, assinou a declaração de independência do Brasil em 1822. Anos depois, também foi palco para a primeira Assembleia Constituinte da República, entre novembro de 1890 e fevereiro de 1891, que marcou o fim do império no Brasil.

Desde 1946, o Museu Nacional é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro e tem um perfil acadêmico e científico.

Acervo

museu-300x171 Brasil perde a memória com incêndio do Museu NacionalO acervo do museu foi formado ao longo de mais de dois séculos por meio de coletas, escavações, permutas, aquisições e doações. Tem coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia. São mais de 20 milhões de itens.

Entre seus principais tesouros estão a primeira coleção de múmias egípcias da América Latina e o Bendegó, o maior meteorito já encontrado no Brasil – ele foi achado no sertão da Bahia no século 18 e pesa mais de 5 toneladas.

A história dos povos índigenas também faz parte do acervo do museu com, por exemplo, uma coleção de trajes usados em cerimônias dos índios brasileiros há mais de cem anos.

foto_17_1-300x199 Brasil perde a memória com incêndio do Museu NacionalA antiga residência real, onde nasceu D. Pedro II, expõe uma coleção de peças da época do descobrimento do Brasil, em 1500, até a Proclamação da República, em 1889, como quadros, móveis e objetos que pertenceram a nobreza de Portugal e do Brasil. Entre eles, o Canhão do Meio Dia, de 1858, usado por D. Pedro I e Theresa Christina Maria e o Relógio do Sol.

Uma das primeiras peças do acervo era o trono do Rei de Daomé, um presente dado pelo rei africano para D. João VI.

5geologia1-300x236 Brasil perde a memória com incêndio do Museu NacionalAlgumas de suas atrações mais populares já não podiam mais ser visitadas pelo público por conta de problemas estruturais, como o esqueleto de uma baleia jubarte e o Maxakalisaurus topai, o primeiro dinossauro de grande porte montado no Brasil.
Fonte: g1.globo.com

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408