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Conheça os Inselbergues: Arquipélagos de rochas imersos na Mata Atlântica

Por Dr. Paulo Minatel Gonella
Biólogo, Mestre e Doutor em Botânica
Pesquisador (CNPq – PCI-DB)
Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Santa Teresa-ES

Quem visita o Espírito Santo, certamente se encontrará com algum desses estonteantes monumentos naturais. Além de possuírem uma beleza cênica de tirar o fôlego, são frequentemente visitados para atividades diversas, como a prática de caminhadas e escaladas, a observação de plantas e animais e até mesmo para a prática de ritos ecumênicos, como missas e casamentos. Além disso, essas montanhas rochosas também são importantes pontos turísticos, a exemplo do Convento da Penha, localizado em Vila Velha, e a Pedra Azul, em Domingos Martins.


A palavra inselbergue tem origem na língua alemã (Insel = ilha; Berg = montanha) e faz referência a montanhas rochosas em formato de domos, que emergem abruptamente na paisagem e que são encontrados no leste do Brasil e em outras regiões do mundo.


Os inselbergues hospedam um conjunto de espécies de plantas dominantes e adaptadas às condições extremas, capazes de se fixar em rochas nuas e resistentes às altas temperaturas, à forte incidência solar e à escassez de água. Essa flora peculiar está estreitamente associada a animais, em sua maioria ainda pouco conhecidos. Apesar de sua importância socioeconômica e ambiental, os inselbergues vêm sendo negligenciados por políticas públicas e sofrem constantes ameaças à sua integridade, como a coleta ilegal de plantas (e.g. orquídeas e bromélias), incêndios criminosos e mineração de granito. Frente ao desafio de conhecer e preservar essa biodiversidade antes que ela se acabe, o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) iniciou um ambicioso subprojeto no âmbito do Programa de Capacitação Institucional (PCI) do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq).


O projeto “Ecossistemas Rupícolas da Mata Atlântica: conhecimento, biogeografia e conservação”, iniciado em julho de 2019, será executado em cinco anos, com a finalidade de conhecer e monitorar a biodiversidade dos inselbergues. Sob a supervisão do Dr. Claudio Nicoletti Fraga (JBRJ) o projeto conta com uma equipe de cinco pesquisadores especializados em distintos tópicos: Botânica (Dr. Marcel Serra Coelho e Dr. Paulo Gonella) e Zoologia (Dr. Pedro Reck Bartholomay, Dra. Thais Condez, M.Sc. Gabriele Andreia da Silva, Bel. Sâmela Recla). Com pesquisas integradas e focadas na vegetação, anfíbios, aves, insetos e répteis, o projeto será capaz de avançar substancialmente na identificação de padrões e processos ecológicos e subsidiar, com qualificado conhecimento técnico, políticas públicas em prol da conservação desse patrimônio natural brasileiro.