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De fio a fio Artesã Adriana Boldt

Artesã Adriana Boldt

DE FIO A FIO

A residência avizinha-se com o silêncio. As janelas abertas indicam que há alguém em casa. Um portão sinaliza o hiato entre o que pertence ao mundo de dentro e os elementos que permanecem no campo externo. Ruelas de terra dão acesso ao espaço de vida da artesã ADRIANA BOLDT. Café à mesa, panelas sobre o fogão, crianças e animais domésticos compõem o ambiente familiar. O cotidiano divide seu espaço com a arte. Ofício que cumpre sua função social por meio da geração de renda. Tessitura de uma história.

O azul do céu faz morada no olhar de quem abre as portas de seu mundo para nos receber e se contar. Esboço de sorriso. Entusiasmo na narrativa. Descendente de pomeranos e natural de Santa Teresa, Adriana iniciou seu contato com as agulhas e linhas quando, ainda adolescente e incentivada por uma amiga, resolveu pousar as mãos na arte do bordado. Bastou aprender um único ponto para que o desenrolar do novelo engendrasse invencionices imaginativas. Talento descoberto na experimentação. Sustentado pelo tênue fio que diferencia a firmeza e a delicadeza do ponto ajustado na medida ideal. Nem mais, nem menos. Artefatos em ponto cruz e vagonite fazem parte desse primeiro ciclo criativo. O capricho que desalinha o olhar na identificação entre o lado direito e o avesso marca a identidade de um trabalho que requer tempo e paciência. No mostruário, há peças que permanecem inacabadas, à espera das mesmas mãos que outro dia ali acomodaram a energia inspiradora da criação.

“Acho que puxei a mamãe. Ela ama fazer tapetes”. Inspirada nos trabalhos executados pela mãe, Adriana introduziu esse produto em sua cartela criativa. Movimentos de reedição da memória familiar. Barbantes de algodão e resíduos de malha são utilizados como matérias-primas. Os fios, cortados no tamanho de dez centímetros, são, um a um, amarrados numa base em talagarça, tecido usado como suporte para tecer bordados. Alternando os espaços de forma regular – ponto sim, ponto não –, Adriana entrelaça os fios, arrematando-os em nós. O trabalho requer constância. Um fazer ritmado. Desacertos suscitam recomeços. O acabamento em viés é feito à máquina. O resultado é surpreendente. As peças sugerem movimentos. Como as ondas do mar, em tardes de maré cheia.

Adriana, que também trabalha sob encomenda, busca o aprimoramento da técnica por meio de pesquisas que realiza na internet. Identificado como “viciante”, o verdadeiro sentido desse fazer está em querer “ver o resultado”. Uma vez iniciado, “você não consegue parar”. Adriana simpatiza-se com o reconhecimento. “Gosto de terminar, entregar o trabalho e receber elogios”. 

 

Artigiana Adriana Boldt

DI FILO IN FILO

Si giunge alla residenza con il silenzio. Le finestre aperte indicano che c’è qualcuno in casa. Un portone segnala una rottura tra quello che appartiene al mondo dentro e gli elementi che restano fuori. Sentierini di terra danno accesso allo spazio di vita dell’artigiana ADRIANA BOLDT. Caffè sul tavolo, pentole sul fuoco, bambini ed animali domestici formano l’ambiente familiare. Il quotidiano condivide il suo spazio con l’arte. Lavoro che svolge la sua funzione sociale tramite la creazione di rendita. Tessitura di una storia.

L’azzurro del cielo risiede negli occhi di chi apre le porte del suo mondo per riceverci e raccontarsi. Accenno di sorriso. Entusiasmo nel racconto. Discendente di pomerani e nata a Santa Teresa, Adriana ha iniziato i suoi contatti con ago e filo fin da piccola, stimolata da un’amica, iniziando a ricamare. Fu sufficiente un solo punto per sviluppare e creare invenzioni con l’aiuto della fantasia. Talento scoperto facendo esperimenti. Sostenuto dalla tenue linea che differenzia la fermezza e la delicatezza del punto adattato alla misura ideale. Né più, né meno. Artefatti in punto croce e filza fanno parte di questo primo ciclo creativo. L’attenzione che disallinea l’occhio per identificare il diritto ed il rovescio indica la perfezione di un lavoro che richiede tempo e pazienza. Nel campionario vi sono produzioni che restano non terminate, in attesa delle mani che un successivo giorno riceveranno l’ispirazione. 

 “Credo di aver preso da mia madre. Lei ama fare tappeti”. Ispirata dai lavori eseguiti dalla mamma, Adriana ha introdotto questo articolo nel suo catalogo lavori. Momenti che ricordano la memoria familiare. Spaghi di cotone e avanzi di maglia sono usati come materia prima. I fili, tagliati nella misura di dieci centimetri, sono, uno ad uno, ancorati ad una base a bugrane, tessuto usato come supporto per ricamare. Alternando gli spazi in una forma regolare – punto si, punto no – Adriana intreccia i fili, chiudendoli in nodi. Il lavoro richiede costanza. Ritmo nell’azione. Mancanza di precisione obbliga a ricominciare. Il fine lavoro è invece fatto a macchina. Il risultato è sorprendente. I lavori suggeriscono movimenti. Come le onde del mare, nei pomeriggi di alta marea.

Adriana, che lavora anche su ordinazione, cerca il costante miglioramento della sua tecnica tramite ricerche che fa su internet. Definito come una cosa che “causa dipendenza”, il vero senso di questo fare è nel voler “vedere il risultato”. Una volta iniziato, “non riuscite a fermarvi”. Adriana apprezza il riconoscimento. “Mi piace finire il lavoro, consegnarlo e riceverne i complimenti”.

 

 

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408