Entrevista com Aline Leal
Filha de Gilson Jardim de Souza e Wilma Leal de Souza, a Carioca de São Gonçalo, Aline Leal têm um trabalho singular na comunicação, textos e desenhos próprios se transforma em tirinhas e trabalhos de cordel sob um olhar de crítica.
Santa Teresa Notícia – Escreve desde quando?
Aline Leal – Desde os 17 anos, hoje tenho 40.
STN – Irmãos?
AL – Somente um irmão, Fabiano Leal de Souza.
STN – Passou sua infância onde?
AL – Cresci ouvindo histórias de família – inclusive a origem da cidade que nasci (São Gonçalo).Sai pela primeira vez da terra natal ao 27 anos.Morei sete anos no interior da Bahia, cinco meses em Salvador e três anos em meio em cidades de Santa Catarina. E nessas viagens, aprendi muita coisa cultural, política…enfim, valeu a pena.
STN – Como você descobriu que escrevia?
AL – Sempre gostei de ler, gosto das palavras, gosto de escrever, mas sempre gostei de desenhar também, nas minhas conversas com amigos, através de cartas, eu gostava muito de escrever cartas, e as pessoas diziam ,- “Olha cria alguma coisa, você gosta de escrever e também desenhar”, então resolvi criar cenas desenhadas com balõezinhos e texto para dá uma dinâmica. Então criei tirinhas que contam o cotidiano de uma família como ela é na favela, os tipos de problemas que enfrentam, chamei esse trabalho de “Baralho do Caos” eu mesclava várias questões da vida real.
STN – E os Pesares de Belizário?
AL – Pesares do Belizário é um cordel, que resgata nossa veia nordestina.
No Rio de Janeiro em muitos lugares o cordel é um pouco fechado, só vai para as feiras de nordestinos, e eu quis experimentar isso, e também por questões de família. Fiz um outro trabalho chamado Impulso, que era uma publicação artesanal onde eu publicava as minhas e as poesias dos meus amigos, também escrevia a Plêiada que era história em quadrinho com contexto literário citações e poesias de poetas consagrados
STN – Vejo que têm um olhar de crítica nas poesias, o que te incomoda no Brasil hoje?
AL – Essa questão do Marasmo em que vivemos, nada muda e os problemas do Brasil atravessam décadas e gerações e nada se resolve. Isso nos deixa incomodado. Nós temos uma boa renda per capita, todos sabemos, os cientistas sabem que podemos extinguir a pobreza no Brasil.
STN – Qual o passo mais curto para isso acontecer?
AL – O povo tem que saber o que é democracia. Saber como funciona o sistema. Escolher o candidato visando o futuro, não o presente. As pessoas votam por interesse pessoal, não coletivo. Não sabem como funciona a democracia, se soubessem, recuperariam o poder.