Entrevista com Antônio Colle Auer
Por Seixas Baré
Trabalhando de sol a sol desde que adquiriu a propriedade, Antônio Colle Auer, que fará 87 anos no dia 13 de junho, no decorrer de sua vida, transformou quase metade de sua propriedade, o Sítio Gratidão em uma densa floresta, hoje reserva natural que deixará para a posteridade.
“Em 1960, aqui era só pasto, procurava um vara para uma vassoura e não tinha, falei para minha esposa – mulher vou fazer uma reserva aqui. Ela disse: – Você está ficando doido.”
Senhor Antônio, um octogenário com a saúde de um garoto. Andamos por quase toda a propriedade e não mostrou nenhum sinal de cansaço, o que não foi o caso do repórter. Ele me conduz a um local perto da casa e me mostra uma imensa árvore, um jequitibá com mais de 60 anos, que ele chama de o “rei de sua floresta”. A partir dele Antônio já plantou jequitibás pela vizinhança e espalhou mudas pela propriedade.
“Esse jequitibá e duas palmeiras foram as primeiras árvores que plantei aqui há 60 anos quando tudo isso aqui era uma grande pastagem de gado medindo 13,5 alqueire.
Na época eu trabalhava para o Francisco Pitol que também era dono desta terra, trabalhei nove anos e meio como meeiro, depois ele me vendeu esta terra por 300 mil cruzeiros, demorei um tempo para pagar, Trazia as telhas nas costas lá da estrada, só tinha a estrada por Santa Leopoldina, foram tempos difíceis. Casei com Gentília Neto, mulher inteligente e sábia que me ajudou muito, criamos 7 filhos”. Conta.
Antônio Auer conta que para fazer a estrada, não tinha como remover as grandes pedras, então, tocava fogo nas rochas, fazendo uma fogueira e depois jogava água fria, a pedra estourava.
Plantei toda essa floresta, árvore por árvore, plantei 200 mudas de palmeira indaiá na margem da trilha e 100 mudas de palmeira Babaçu que trouxe do estado do Pará. Vejo as pessoas rastelarem as folhas que são a comida das plantas, depois tocam fogo destruindo os nutrientes e aí quando chove a terra sem proteção vai parar dentro do rio.
O construtor civil Marcelo colete dias, morador de Santa Lúcia diz que “o Sr. antônio é um conselheiro aqui do lugar, sabe muito sobre tudo, é um homem cabeça, toda hora ele está semeando, plantando , para preservar as nascentes e deixar natureza para o futuro”
“Aqui eu planto de tudo, trato apenas com o adubo da floresta, porém todo sábado encho a Toyota de banana, frutas e verduras e vou para a feira vender minha produção”. Toda a produção é orgânica e Antônio já trabalha em seu novo projeto, a “Nova Floresta”.
Dezenas de mudas de ipê, ingá, jequitibá já estão sendo plantadas em uma área de onde foram retirados os eucaliptos. Já deu uma ordem aos filhos ”Preservem isso aqui e transformem em algo melhor”.