Entrevista com Haissa de Abreu Caitano
Mestre em Biodiversidade Tropical pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES- Campus São Mateus/ES). Atualmente é bolsista do programa Rede de compartilhamento de dados e divulgação da Mata Atlântica no Estado do Espírito Santo – RIMA do Instituto Nacional da Mata Atlântica (Inma) em Santa Teresa/ES.
Santa Teresa Notícia – Você já falou um pouco sobre os cactos em seu artigo, existem cactos no mundo todo?
Haissa de Abreu Caitano – De uma forma natural não ocorrem no mundo todo. Os cactos podem ser encontrados naturalmente nas Américas (do Norte, do Sul e Central) e na África. Entretanto, por terem uso ornamental, são cultivados e vendidos em diversas regiões do mundo.
STN – Quantas espécies existem no ES e quantos figuram a lista de ameaçados de extinção?
Haissa – No Espírito Santo existem 45 espécies de cactos, sendo 16 ameaçadas de extinção.
STN – O fato dos cactos serem muito apreciados por colecionadores e floristas é um problema?
Haissa – Depende. De acordo com a experiência que tive, um dos maiores problemas atuais está na extração ilegal de cactos em seus ambientes naturais. Ao se retirar uma planta do seu ambiente, estamos causando uma interferência negativa, comprometendo a preservação da natureza. Entretanto, há locais específicos que produzem mudas e que realizam a comercialização legalizada dessas plantas. Por isso, existem diversas maneiras de se colecionar não só cactos, mas como outras espécies ornamentais, sem gerar perturbações na natureza.
STN – Quais as ações que seriam importantes para a conservação destas espécies?
Haissa – Existem pelo menos duas frentes que poderiam atuar para auxiliar na conservação de cactos: a realização de pesquisas científicas e a divulgação desses dados para a sociedade. A primeira frente se refere a estudos científicos das espécies e suas relações com os meios em que vivem. A segunda frente é de extrema importância, pois divulgando os resultados da primeira frente, podemos sensibilizar a população sobre o desaparecimentos de alguns cactos devido a extração ilegal de plantas e a destruição dos ambientes em que vivem. Realizando esse diálogo, os cientistas podem contar com aliados de peso para a conservação: você e todos ao seu redor!
STN – Existem ações de conservação voltadas para cactos, a nível de Espírito Santo?
Haissa – Não. Em um nível mais amplo, temos um “Plano Nacional de Conservação de Cactáceas” que discute ações de conservação no âmbito do território brasileiro. Sabendo que somente no estado do Espírito Santo temos 45 espécies de cactos e cerca de 35% estão ameaçados de extinção, estamos lançando, em breve, um projeto no Instagram denominado “Cactos do ES” (@cactos.es).
STN – No que consiste esse projeto? Quais os objetivos?
Haissa – Esse projeto consiste em uma página de divulgação científica no Instagram que abordará diversos temas ligados aos cactos do Espírito Santo: informações gerais sobre as espécies, interações dessas espécies com a natureza (seja com outras plantas ou com animais), conservação e curiosidades. Os principais objetivos são divulgar as informações científicas disponíveis sobre os cactos de maneira interativa e direta, além de sensibilizar a sociedade sobre a importância que essas plantas desempenham na natureza.
STN – Qual mensagem você deixa sobre os cactos para o leitor?
Haissa – Cactos não são somente plantas de decoração! Quando olhamos e contemplamos a natureza, devemos sempre pensar que os seres vivos ali presentes, como animais e plantas, têm a sua importância para manutenção daquele ambiente. Todos têm a sua função, todos contribuem. Sabendo disso, podemos mudar as nossas ações e ainda contribuir para a conservação dos cactos!