Meio Ambiente

Entrevista com o coordenador do Plantio Brasil, Carlos Humberto de Oliveira

A Revista Plantio Brasil entrevistou o ambientalista Carlos Humberto de Oliveira – Coordenador do Plantio Brasil, na conversa Carlos faz um balanço deste primeiro ano do movimento.

Revista Plantio Brasil – O que é o Plantio Brasil

Carlos Humberto de Oliveira – O Plantio Brasil é um movimento social em rede, apartidário e plural, protagonizado pela sociedade civil na atuação local e nacional, articulando, mobilizando e integrando ações de plantio de árvores.

Revista Plantio Brasil – Como surgiu o Plantio Brasil?

Carlos Humberto –  O primeiro contato que tive com a figura de uma rede fortemente organizada para plantar árvores foi em São Paulo quando conheci a turma do Plantio Global que tem uma atuação através da articulação e mobilização de grupos para organizar mutirões de plantio de árvores. Quando percebi que a data destes mutirões estava alinhada com o calendário do dia internacional das florestas, 21 de março, pensei: Porque não termos também um processo deste na semana da árvore que é do calendário brasileiro e que tem sido esquecida pela sociedade? Conversando então com dois grandes amigos meus de Santa Teresa, região de montanha do Espírito Santo, o Evandro Seixas e o Nilton Broseghini, propus a eles organizarmos um mutirão de plantio de árvores naquela cidade e eles aceitaram prontamente. Assim começamos a trabalhar na causa.

Revista Plantio Brasil – Foi aí que vocês criaram o Plantio Brasil então?

Carlos Humberto – Não exatamente. Na verdade, Plantio Brasil nem era pensado ainda. Foi tudo um processo. Inicialmente era somente organizar um mutirão de plantio de árvores em Santa Teresa, já que o Nilton Broseghini, já faz um belíssimo trabalho há décadas de educação ambiental através do plantio de árvores na cidade.

Revista Plantio Brasil – Como foi então que chegaram ao Plantio Brasil?

Carlos Humberto: Bem, após este acerto em Santa Teresa, voltamos para Vitória para começar as articulações para aquisição de mudas e outras demandas para a realização do mutirão. Então, numa reunião, em busca de apoio, com o gerente do Programa Reflorestar, senhor Marcos Sossai, o mesmo gostou muito da nossa iniciativa, e me desafiou de levar a ideia dos mutirões para todo o estado. Ali, a nossa visão se abriu e imediatamente começamos o trabalho de articulação e mobilização de pessoas e instituições no Espírito Santo e preparamos um formulário de adesão em Google doc e divulgamos na rede social. Naquele momento, precisávamos de um nome para o projeto que acabou ficando Replantar ES.

Revista Plantio Brasil – Mas, e o Plantio Brasil?

Carlos Humberto – calma (rs). Estamos chegando lá. Com a divulgação na rede social, nosso trabalho chegou a pessoas de outros estados, conhecidos e não conhecidos, que queriam saber como poderiam participar. Então num belo dia, conversando com uma pessoa de Minas Gerais, ela me perguntou como ela faria, pois o nome do projeto era Replantar ES e o formulário de adesão era muito específico para o ES. Foi aí que percebemos que precisávamos rever nosso campo de atuação, de estadual para nacional. Então me lembrei do Plantio Global e, imediatamente, surgiu na minha mente: Plantio Brasil e Mutirão Nacional de Plantio de Árvores. Então fizemos as adequações necessárias.

Revista Plantio Brasil – Quais foram os resultados no ano passado?

Carlos Humberto- Ao final dos mutirões do ano passado que foram de setembro a novembro, alcançamos pessoas e instituições em sessenta, dos setenta e oito municípios do Espírito Santo e em mais doze estados. Foi um árduo trabalho sem qualquer recurso financeiro. Tudo aconteceu com os parceiros contribuindo da forma como podiam, seja na logística, na doação de mudas, nas orientações técnicas etc.

STN – E agora em 2020, como está o Plantio Brasil?

Carlos Humberto – Bem, diante dos excelentes resultados e da necessidade de melhor nos organizarmos, fizemos um planejamento das ações e descentralização das articulações e mobilizações. Assim, definimos a realização de mutirões em períodos específicos: março, em comemoração ao dia internacional das florestas e dia mundial da água; em junho, na semana mundial do meio ambiente e em setembro, na semana da árvore. Infelizmente, com esta pandemia, março e junho já ficaram para trás. Agora estamos focando a semana da árvore. Para isto, pretendemos lançar o formulário de adesão no início de julho próximo.

Revista Plantio Brasil – O que o Plantio Brasil tem feito para se consolidar?

Carlos Humberto – trabalhando muito nas articulações, buscando parceiros que tenham vontade de investir nesta causa; criando canais de comunicação na internet e um deles o nosso site, que mesmo já tendo o domínio na internet, ainda não conseguimos recursos financeiros para criar um site de robusto e de qualidade; pesquisando e estudando muito sobre o tema. Este ano mesmo, lançamos um produto novo, os seminários municipais sobre reflorestamento, que já realizamos três dos nove já programados. Agora, estamos lançando um outro produto, a revista digital interativa e por aí vai. Outra coisa que temos feito, desde o início, é a integração de nossas ações com a educação ambiental, pois plantar árvores é educação ambiental “na veia” (rs) e com os ODS 06, 11, 13, 15 16 e 17, definidos na agenda 2030 da ONU, uma vez que também fazemos parte do Movimento Nacional ODS – MNODS.

Revista Plantio Brasil – Os patrocinadores estão satisfeitos?

Carlos Humberto – Que patrocinadores? (rs). Ainda não temos patrocinadores, que são muito bem vindos, desde que estejam alinhados com a nossa causa, valores e princípios.

Revista Plantio Brasil – Para terminar, me diga: quais os benefícios que o trabalho do Plantio Brasil oferece a sociedade e os seus apoiadores e possíveis patrocinadores?

Carlos Humberto – De modo geral, para o apoiador:

– Visibilidade nacional

– Networking com parceiros estratégicos

– Aproximação com potenciais investidores de outros setores

– Conhecimento de projetos de referência com potencial de replicabilidade

– Alinhamento com a Agenda 2030 da ONU

– Certificado de Participação

– Possibilidade de créditos de carbono.

De modo específico, para a sociedade:

Mudanças Climáticas

• Neutralização de Gases do Efeito Estufa (GEE);

• Combate ao aquecimento global.

Água

• Melhoria da qualidade da água (balneabilidade e irrigação agrícola);

• Aumento do fluxo (vazão);

• Aumento no armazenamento dos lençóis freáticos;

• Equilíbrio do ciclo, evitando enchentes;

• Proteção da fauna aquática.

Solo

• Redução gradativa da erosão;

• Redução da compactação;

• Aumento da fertilidade;

• Infiltração e retenção da água no solo;

• Retenção de resíduos (fertilizantes e agrotóxicos);

• Melhoria na ciclagem de nutrientes.

Microclima

• Melhoria nas condições de temperatura;

• Diminuição da velocidade do vento;

• Aumento da umidade relativa do ar.

Biodiversidade

• Condições de alimento, abrigo e água pra a fauna silvestre;

• Corredor natural, garantindo o deslocamento, reprodução e variabilidade gênica da região;

• Proteção da microfauna.

Econômico e legal

• Adequação as legislações vigentes sobre áreas de preservação.

Geração de trabalho e renda.

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408