Entrevista com o delegado de Polícia Leandro Barbosa Morais
Entrevista com renomado delegado de Polícia Civil Dr. Leandro Barbosa de Morais, que têm se destacado no Espírito Santo no combate ao crime organizado. Em seu último trabalho em Aracruz, 6 vereadores foram para a cadeia.
Santa Teresa Notícia – Qual a área de atuação da Delegacia Regional de Santa Teresa?
Dr. Leandro Barbosa Morais – Santa Teresa é a sede da 12ª delegacia Regional de Polícia Civil que têm em sua área de atuação 6 municípios que são os mesmos da 8ª Cia da PM, Santa Teresa, São Roque, Santa Maria, Santa Leopoldina, Itarana e Itaguaçu. Hoje estou titular da 12ª Delegacia Regional, acumulando atribuições de 4 dessas DPs municipais, Santa Teresa, São Roque, Santa Maria e Santa Leopoldina, desses 4, um deles têm uma delegacia prevista na legislação, mas não existe ainda fisicamente, que é a delegacia de São Roque do Canaã, que possui um atendimento diferenciado, antes da pandemia, de uma vez por semana, utilizando as dependências da Câmara Municipal sempre às quartas feiras, nos outros dias, as pessoas se deslocam para Santa Teresa onde são ouvidas, ou seja as oitivas que são de São Roque, como também as investigações, são feitas utilizando as estruturas da delegacia de Santa Teresa.
STN – A falta de serviço de plantão e perícia na Delegacia Regional traz consequências para a investigação?
Dr. Leandro – A ausência de plantão sobrecarrega o sistema e quem acaba sentindo um pouco mais é a Polícia Militar, acredito que é um sonho das pessoas que moram na região ter um plantão 24 horas aqui.
Na legislação têm previsão do plantão nas regionais, porém o Estado ainda forneceu, mas previsão legal para tê-lo, existe. Hoje Santa Teresa e Santa Maria fora dos dias úteis, é atendida por Aracruz. Santa Leopoldina por Cariacica e Itaguaçu,Itarana e São Roque do Canaã é atendida por Colatina. Nos dias úteis, cada Delegacia faz seus procedimentos flagranciais. Exceto São Roque e Itarana que não têm delegacia, Itarana tinha até 2017, mas por questões estruturais foi levada para Itaguaçu, as outras 4 delegacias da região estão funcionando.
Quanto a perícia, não há previsão para serviço pericial em Santa Teresa, mas é óbvio que se fosse disponibilizado, ajudaria, dando celeridade ao processo elucidativo, investigação é técnica, é ciência, ter perícia na Delegacia de Santa Teresa é um avanço. O plantão está previsto por lei, a perícia ainda não.
STN – A ausência de uma delegacia em São Roque traz consequências para o município?
DR. Leandro – O fato de não termos uma Delegacia de Polícia em São Roque é óbvio que sobrecarrega a delegacia de Santa Teresa que passa a desempenhar funções para 2 municípios, juntando as duas populações dá um número considerável de habitantes.
STN – O senhor tem feito um brilhante trabalho por onde têm passado, se destacando principalmente no combate aos crimes contra a administração pública, apesar do pouco tempo tempo aqui no município, já deixou sua marca, como está sendo esse início?
Dr. Leandro – Santa Teresa têm uma realidade diferente, o crime de tráfico de drogas aqui é o nano tráfico, felizmente aqui morre poucas pessoas, Acontece que tinha umas figuras aqui que estavam a traficar sem serem incomodados, isso foi interessante porque perceberam que a Polícia Civil não iria se furtar, mesmo com déficit de contingente para fazer esse tipo de combate e isso com certeza refletiu nos crimes patrimoniais. Acredito que neste curto período que estou aqui em Santa Teresa, o mais relevante foi ter desbaratado um grupo que estava praticando furtos de café em propriedades rurais no período noturno, eles não eram de Santa Teresa mas conheciam muito bem a região e estavam atormentando e gerando insegurança nos produtores. Contamos com o apoio da Polícia Militar, inclusive prendemos em flagrante os autores.
Já os crimes de micro tráfico vai sempre existir, o que a polícia não pode é deixar de fazer, é bater Randap, Tráfico é igual capim, tem que capinar, capinar, incessantemente capinar senão ele cresce, aqui a realidade não é do tráfico que mata, quando acontece homicídios, geralmente são pessoas de fora que se estabelecem aqui no município.
O segundo foco foi dar prioridade aos homicídios consumados em casa, tanto que todos os ocorridos aqui nesse período, foram elucidados. Todos. Nós estamos dando a resposta do crimes mais graves para os menos graves, até para desestimular, trazendo o máximo de elementos informativos possíveis, portanto Deus permitiu que todos fossem resolvidos.
STN – Se o município investisse em monitoramento eletrônico no modelo do “Cerco De Segurança” contribuiria para o combate do crime na região?
Dr. Leandro – Tanto videomonitoramento dos estabelecimentos privados como público e o cerco eletrônico que é uma forma de monitoramento mais utilizado nas estradas é óbvio que auxilia. Auxilia de 2 formas; facilita na investigação de uma gama de crimes, tanto que a União têm investido nessa ferramenta, e também inibe, pois ajuda a juntar elementos comprobatórios e identificar indivíduos.
O criminoso opta pela facilidade, ele procura uma brecha, ele estuda o território que ele vai praticar o crime, se ele percebe que naquele local, além da repressão, têm elementos que facilitam na identificação, ele não vai colocar a liberdade dele em risco. Aqui nós temos muitas saídas então é óbvio que um cerco eletrônico auxiliaria muito, pois é uma ferramenta que se for bem utilizada, é fantástica.