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Equoterapia de volta à Pestalozzi

A equoterapia, é um tipo de terapia com cavalos que serve para estimular o desenvolvimento da mente e do corpo, usada para complementar o tratamento de indivíduos com deficiências ou necessidades especiais, como a síndrome de Down, paralisia cerebral, derrame, esclerose múltipla, hiperatividade, autismo, crianças muito agitadas ou com dificuldade de concentração, por exemplo. A Associação Pestalozzi de Santa Teresa, utilizou com sucesso essa terapia durante 7 anos, mas foi obrigada a parar por falta de estrutura. Nesse ano surge a possibilidade da entidade construir sua própria estrutura para abrigar este prodigioso recurso terapêutico em prol dos nosso pequenos com necessidades especiais. A reportagem do STN com a licença da diretora Marisa Lucindo de Souza, visitou a sede da entidade, entrevistou alguns profissionais que se dedicam à nobre missão de educar nossas crianças com síndrome de Down. Conheça um pouco do trabalho desses especiais profissionais.

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Santa Teresa Notícia – Ficamos sabendo que a Associação Pestalozzi ganhou um terreno para construir sua própria estrutura para funcionar a equoterapia que têm ajudado tanto as crianças com necessidades especiais pelo mundo.
Marisa Lucindo de Souza –
Sim, ganhamos uma área nos fundos da réplica da Casa Lambert na chegada da cidade, doados por 3 empresários; Jonacir Luiz Broseghini (o paçoca), Anildo Pancini e o Moacir Perini, agora temos que legalizar o terreno para captar recursos e construir o galpão. Desejo muito começar logo a equoterapia, precisamos de ajuda para fazer o platô, temos a ajuda do instituto Jutta Batista da Silva, eles disseram que se a gente tivesse a escritura, nos ajudariam a construir o galpão para os exercícios. Dentro em breve teremos a equoterapia.


STN – A Pestalozzi de Santa Teresa já utilizava essa terapia há alguns anos?
MLS –
Sim, a Associação Pestalozzi já ofereceu esse serviço, realizamos essa experiência de 2006 a 2013. Começamos no sítio do Edimar Hermógenes mas aí não tinha a estrutura de cobertura, chovia muito, então fomos para o parque de exposições cedido pela prefeitura o local têm que ter areia, ficamos 4 anos lá numa área coberta do parque, mas um dia tiveram que calçar o parque para fazer uma área de dança, novamente tivemos que sair de lá, dessa vez fomos para um terreno emprestado pelo Sr. Henrique Bonfim, também lá não havia uma estrutura adequada, um galpão coberto, banheiros, as crianças ficavam no cavalo na chuva, nossa presidente da época suspendeu o projeto.
Em 2015, nos foi doado o terreno , porém enquanto não conseguir a documentação, não podemos começar, tenho que ter a documentação para captar o recurso, tenho muita fé em Deus que esse ano vou conseguir, agora a gente precisa da ajuda do poder público, de empresários para entrar com a máquinas lá, já temos o projeto estrutural que o engenheiro fez de graça para pestalozzi, a passos lentos estamos caminhando.

Conversamos com o coordenador da área clínica o fisioterapeuta, Luiz Angeli Zanotti, que esteve à frente da equoterapia de 2007 a 2013.

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STN – O Sr. poderia falar um pouco sobre o trabalho que desenvolveu e os benefícios da equoterapia?
Luiz Angeli Zanotti –
Só tivemos resultados positivos com as crianças que participavam do projeto. A estrela principal dessa terapia é o cavalo. Estamos apenas de coadjuvante para guiar a sessão. e aí a criança melhora a confiança, ele pequeno perto de um animal de grande porte, trabalhamos primeiro a aproximação da criança com o cavalo, passando a mão, dando comida. O animal geralmente é muito manso mas esse processo ajuda até que a criança também aceite o animal. Muitas vezes chegam perto e ficam com medo, pois o animal é grande. Fazemos isso até que a criança tenha confiança para subir no cavalo. Depois que ele começa a montar, fazemos um trabalho com o cavalo “ao passo”. Obtendo resultados, colhendo frutos do movimento do cavalo comumente tridimensional, simula marcha humana, quando ele está “ao passo”, quando ele está andando. Isso melhora o equilíbrio da criança, a coordenação, a força, a postura da criança. As crianças têm muita sialorréia, que é a baba excessiva, e diminui também essa questão pois melhora a postura, a deglutição, então a criança vai babar menos pois consegue engolir melhor a saliva. Isso só do cavalo. E nós que estamos do lado na seção fazemos um trabalho junto. Um trabalho educacional, de ensinar cores, letras, números. Enquanto a criança está em cima ela acaba prestando mais atenção no que está em volta também.
Ao fim de um bate papo com a diretoria, fui convidado a conhecer a área externa da entidade e entrar no mundo da pedagogia sensorial, acompanhado pelo oficineiro do Centro de Vivência Lucas Martins. Conduzido pelo caminho sensorial fui aprendendo o porque de cada elemento que eu encontrava pela frente inicialmente as plantas.

Lucas Martins – Têm as plantas que trabalham o sensório olfativo, trabalha com os cadeirantes, eles entram aqui e manipulam as plantas. Aqui o caminho sensorial, eles têm que andar para trabalhar equilíbrio, ter noção de espaço, lateralidade sentir… têm que trabalhar desde a infância.

STN – Bastante elementos aqui?
Lucas Martins –
Sim, vamos ter um lago aqui. Essa produção da horta vai para a cozinha. Aqui é a parte da audição. Tudo feito de material reciclável. Aqui a gente usou chinelo velho, pedaço de fita… é onde os meninos se divertem. Trabalham os sons, a movimentação, num chocalhinho de tampinha… Quando chegam nessa parte eles se divertem, batem, mexem.

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STN – Todos podem fazer esse caminho?
Lucas Martins –
Todo mundo pode participar do circuito. Tanto funcionário como aluno, visitante. Naquela outra parte eles têm algumas peculiaridades do dia a dia. Eles vêem a diferença de peso, tamanhos diferentes, etc.
No caminho encontramos uma jovem, que Lucas informou ser Letícia Reis, terapêuta ocupacional, responsável pela escolha e montagem das atividades. “Como trabalhamos muito com a psicomotricidade, com a motricidade fina, para eles aprenderem a ler e escrever etc. Brincamos na sala de aula com as atividades pequenas e aqui eles colocam na prática o que eles aprenderam”. Explica.

Lucas Martins – tanto escolas de ensino fundamental como médio que quiserem vir participar, ter essas experiências com o jardim sensorial, com as plantas, com os instrumentos que a gente tem aqui, são bem vindos é só agendar. A pessoa com deficiência não têm contato com isso, muitas vezes não é porque ela não sabe ou porque ela não quer, mas porque ela têm dificuldade. Então, um painel como esse ajuda ela a desenvolver melhor essas habilidades que para nós é tão simples, mas para eles há essa dificuldade. E acaba que depois eles ficam até melhor que a gente. Dar autonomia para essa pessoa, é o grande objetivo.

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408