Falsificação de documentos e lavagem de dinheiro internacional por organização criminosa do ES
A Polícia Civil desbaratou o esquema de lavagem de dinheiro no Espírito Santo com atuação internacional cujo objetivo era lavar dinheiro para organizações criminosas de diferentes estados e países.
Na última terça-feira (15), três empresários capixabas foram presos suspeitos de integrar o grupo, que em um ano e seis meses movimentou mais de R$ 800 milhões.
De acordo com a Polícia Civil, a principal função da organização criminosa sediada no Espírito Santo era fazer parecerem lícitas altas quantias de dinheiro obtidas de forma ilegal.
Por meio de um intrincado esquema que envolvia a falsificação de documentos de identidade, de contratos de prestação de serviço e ainda a criação de empresas de fachada, o grupo foi responsável por enviar remessas para empresas de São Paulo, Ceará, Alagoas, Estados Unidos e China.
Também foram apreendidos carros de luxo, lanchas e motos aquáticas, além de R$ 600 mil em dinheiro e R$ 300 mil em canetas de grife.
Segundo a polícia, eram feitos cerca de 30 a 40 depósitos diários em até 20 contas diferentes, com o objetivo de dificultar o rastreio dos valores. Na sequência, o dinheiro lavado era enviado para as empresas da China e dos Estados Unidos. De acordo com a polícia, um operador financeiro entrava em contato com o banco e dizia que precisava fazer um pagamento para uma empresa de outro país. Esse contrato, por sua vez, era assinado por uma empresa de fachada.
O chefe da Divisão de Furtos e Roubos de Veículos, delegado João Paulo Pinto diz que o esquema pode abranger outras atividades criminosas. “Conseguimos identificar as pessoas jurídicas. A gente sabe que algumas delas foram investigadas na Operação Lava Jato e algumas foram investigadas por desvio de dinheiro de ICMS. Mas pode ter dinheiro de outras atividades criminosas”. Explicou
Tudo isso era feito desde 2014 com o auxílio de uma funcionária da Prefeitura de Afonso Cláudio, que atuava no setor de emissão de documentos. As investigações tiveram início por causa de uma ocorrência envolvendo um caminhão com chassi adulterado no município de Jerônimo Monteiro, no Sul do Espírito Santo.
A polícia descobriu que os criminosos, com a ajuda de funcionários do Detran, usavam notas falsas de compra e venda de veículos para aplicar golpes em seguros. Depois do primeiro caminhão, outros 14 foram identificados pela polícia na mesma situação.
Até o momento, foram feitas 18 prisões preventivas e cinco temporárias no âmbito da Operação Pianjú. Além dos presos no Espírito Santo, houve prisões em outros estados. Em São Paulo, por exemplo, foi detido o dono de uma das empresas dos Estados Unidos envolvidas no esquema.
Já o dono de outra empresa americana ainda está no exterior, em Miami, mas a polícia capixaba está em contato com a Interpol para que o mandado de prisão contra ele seja cumprido.
Os proprietários das empresas da China não foram localizados, pois não existe um acordo de cooperação judicial entre o país e o Brasil, dificultando as investigações.
De acordo com o promotor de Justiça Tiago Boucault Pinhal, que é coordenador do Gaeco, todo o valor apreendido será depositado em uma conta judicial. Os materiais serão analisados pelo Ministério Público.