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Festividades dos descendentes de italianos em Santa Teresa

Simone Zamprogno Scalzer

Se a vida era difícil, festejar não custava muito para os imigrantes e seus descendentes. Muitos relatos indicam que os bailes eram realizados nas casas das próprias famílias.  Nestes bailes geralmente não era cobrado entrada. O dono da casa passava pela vizinhança convidando os amigos e estes deveriam confirmar ou não a presença. Os bailes aconteciam com certa frequência e garantiam a diversão. Como podemos observar, no depoimento do filho de imigrantes, o senhor Alcebíades Feller (91 anos, 2015):

Eu fui em muitos bailes, não ia em todos porque não dava. Às vezes tinham três bailes na vizinhança em um sábado. Eu já dancei das 6 às 6 (horas). Íamos vestidos com paletó. A concertina tocava a noite inteira, xote de roda, valsa, … 

Os bailes eram importantes para as famílias, tanto que muitas casas eram construídas com salas grandes para terem espaço para estes eventos.  Os bailes aconteciam durante todo o ano, com exceção do tempo da quaresma. 

Os finais e início de ano eram especialmente festivos. Nesta época, além dos bailes, aconteciam em muitas comunidades as Folias de Reis. As Folias anunciavam a chegada do menino Jesus, e traziam mais alegria para as famílias. Os integrantes da Folia passavam pelas casas com instrumentos musicais, cantavam e levavam com eles a Estrela de Belém. As folias começavam na noite de Natal e seguiam geralmente até o Dia de Reis, contudo, temos depoimentos de folias sendo realizadas até o dia de São Sebastião, em 20 de janeiro. 

Os bailes familiares não resistiram ao tempo e poucas Folias de Reis ainda “cantam”. No entanto, na comunidade de Nova Valsugana, na última noite de Natal, a Folia pode ser ouvida mais uma vez, na igreja de São Luiz Gonzaga. Manter tradições é um desafio. Apesar de não existir um consenso, quanto a origem das Folias de Reis em de Santa Teresa, os descendentes de imigrantes se apropriaram dela e hoje um grupo muito pequeno luta para manter viva mais esta tradição.

 

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408