Guaranis devem reflorestar 100 hectares
9 dos os 24 hectares que já estão no planejamento, já foram plantados por semeadura direta, técnica que mistura diversos tipos de sementes nativas, tentando reproduzir o processo de sucessão natural da floresta. Nesta fase serão utilizados 1.294 kg de sementes de espécies nativas e 700 kg de espécies de adubação verde.
Em parceria, Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) e aldeias indígenas, com anuência da Funai, devem reflorestar 100 hectares de área degradada destinados à reserva florestal das aldeias tupiniquim e guarani da área indígena do município de Aracruz.
O cacique da aldeia Nova Esperança (Ka’agwy Porã) Werá Djekupé ( Marcelo Guarani) diz que é necessário reflorestar a área degradada e recuperar os mananciais e as nascentes dos rios. “Temos cerca de 240 hectares separados para a reserva e 25 já estão no planejamento para reflorestar e 9 já foram plantados, mas existem outros fragmentos que também desejo reflorestar, somando toda a área podemos chegar a 100 hectares, vamos um pouco para a agricultura, mas a maior parte vamos reflorestar a começar pelo pontos mais críticos, sonhamos com a volta do frescor da floresta e um ambiente propício à reprodução dos animais.” Explica.
Marcelo diz que aceita de bom grado toda a ajuda e apoio, pois reconhece que não é uma tarefa fácil, mas exige uma gestão contínua por um tempo. “É um trabalho que me deixa feliz, porque essa área que nos foi tomada era floresta, que foi derrubada para a plantação de eucalipto por muitos anos e depois da luta dos indígenas para reaver a terra, a Lei forçou os invasores a devolver, mas já estava quase tudo degradado, temos ainda dois fragmentos de floresta onde pretendemos fazer um corredor ecológico, tenho trabalhado para sensibilizar nossos irmãos guaranis para que deixem os animais se reproduzirem, e criar culturas alternativas de frangos por exemplo, sem alterar nosso costume ancestral, mas adequar à nova realidade de forma racional. Temos a consciência de que a floresta é de todos e a todos beneficia igualmente, sobretudo os animaizinhos que precisam de um pedaço de mata.” Ensina.
O Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) que também têm uma filial em Governador Valadares, é responsável pelo reflorestamento de 24 hectares no território indígena Tupiniquim Guarani de Aracruz.
De acordo com Joaquim Freitas, coordenador-geral da instituição, o Cepan trabalha em parcerias com empresas de diversos lugares do mundo, a exemplo de Cingapura, Canadá e Alemanha e outros que financiam ações de restauração florestal no Brasil.
As ações de restauração elas estão sendo implementadas nas terras indígenas por semeadura direta, técnica que mistura diversos tipos de sementes nativas, tentando reproduzir o processo de sucessão natural da floresta. “Com as sementes nativas a gente consegue ter uma maior diversidade nos plantios que estamos trabalhando, além disso esta técnica tem grande vantagem que é conseguir engajar pessoas o processo de restauração, Nas oito aldeias, a instituição conta com 62 coletores em sua maioria mulheres que coletam sementes e têm na atividade um complemento de renda, vendendo essas sementes para o projeto e ajudando a restaurar as áreas degradadas.” Explica.
Joaquim conta ainda que a instituição tem a autorização da Funai para juntamente com os caciques identificar as áreas que serão reservadas para restauração florestal dentro do território indígena de Aracruz. “As aldeias podem entrar com a contrapartida, se eles tiverem por exemplo um trator, nós pagamos o operador.
A primeira de 3 etapas, já foi concluída, a Aldeia Nova Esperança, com nove hectares de restauração florestal, do total previsto de 24 hectares. Ao todo estaremos utilizando 1.294 kg de sementes de 39 espécies nativas, e 700 kg de espécies de adubação verde que têm o papel de melhorar as condições de solo e microclima para que as nativas possam crescer melhor. incluídas as áreas da aldeia Irajá e Pau-Brasil, Nossa meta é chegar a 100 hectares restaurados dentro do território indígena e esse benefício não é só para os índios, mas para o ES e o Mundo.”Afirma Freitas.
Cepan
O Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) é uma instituição privada, sem fins lucrativos, fundada no ano 2000 por professores-pesquisadores e alunos de pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE, que tem como missão gerar e divulgar soluções estratégicas para a conservação da biodiversidade mediante ciência, formação de recursos humanos e diálogo com a sociedade. A organização atua no planejamento, coordenação e execução de projetos de conservação da biodiversidade, e tem suas atividades desenvolvidas em consonância com seus Programas: Valoração do Capital Natural, Apoio à Conservação da Fauna e Flora, Indução e implementação de políticas públicas ambientais e Conservação de Áreas Costeiro Marinho. O Cepan hoje têm técnicos próprios e parceria com universidades, pesquisas e uma série de ações voltadas para a recuperação florestal, buscando prospectar oportunidades de restauração com diversos parceiros, seja da iniciativa privada ou pública.
