Homens de visão .
Tabajara Jr.
O dia Mundial da Árvore, que no Brasil marca o início da Primavera , me trouxe à memória, fatos que presenciei há muitos anos atrás, e que, atualmente, são pautas frequentes em painéis mundiais sobre conservação das matas do planeta.
No início da década de 70 tive o privilégio de presenciar duas conversas de meu pai, o médico Dr. Tabajara R. de Oliveira e o patrono da ecologia do Brasil Augusto Ruschi .
Graças a homens de visão como estes e uma rígida legislação ambiental permitiram ao Brasil ser referência na conservação de suas riquezas naturais .
Estávamos próximo da sede da nossa fazenda , localizada na Penha , quando papai parou a Kombi ao avistar Augusto Ruschi e um pesquisador dentro de um Jeep. Imediatamente Ruschi puxou assunto pedindo a meu pai que evitasse fazer queimada em uma determinada parte da propriedade, porque o pesquisador havia identificado uma borboleta endêmica desta região. Este pedido foi prontamente atendido, como também, nunca desmatou um metro da fazenda Aitaju. Esta propriedade possuía 504 ha, com aproximadamente 65 % da sua área coberta por matas . Para se ter uma idéia, naquela época o próprio governo incentivava o desmatamento oferecendo financiamentos. Outro ponto importante, não existia uma legislação ambiental.
A segunda prosa aconteceu na loja do meu primo Max Loureiro, Ruschi conversava com papai, sobre a importância da extremidade da fazenda ficar entre as duas reservas, Lombardia e Santa Lúcia, e preservar um importante corredor com a vegetação nativa para trânsito dos animais silvestres. O mais surpreendente veio em seguida , ele disse que tentou indicar às autoridades do estado que a estrada Fundão- Santa Teresa fosse feita suspensa, permitindo a fauna da região transitar sem risco de atropelamento. Para nossa tristeza, nos dias atuais, vemos muitas mortes de animais atropelados. Vale lembrar que Santa Teresa possui animais raros como a Onça Parda e o Muriqui.
O resultado das ações do Augusto Ruschi na demarcação das reservas , e a orientação a meu pai e a outros proprietários, disciplinando e incentivando a preservação das matas, tornando Santa Teresa ao longo do tempo, um exemplo de preservação da Mata Atlântica.
Nada mais emblemático homenagear estas pessoas plantando dez mudas do Jequitibá Rosa e várias outras de palmito. Agradeço ao meu irmão o cardiologista Dr. Itamar Ribeiro de Oliveira que cedeu o terreno , Niltinho Broseghini trouxe as plantas e efetuou o plantio e o empresário Júlio Magewiski gentilmente doou os adubos necessários.
Texto : Tabajara Ribeiro de Oliveira Júnior – Médico Veterinário
Tabajara Ribeiro de Oliveira Jr.
Médico Veterinário – CRMV-ES 0212
MBA em Gestão Empresarial – FGV
Contato: (27) 99312-1264
