Cultura

Homossexuais: perceba-os!

Por Aparecida Rampinelli

A partir de observações, conversas, relatos, leituras, reportagens midiáticas, estudos e trabalhos psicoterapêuticos com homossexuais foi possível perceber um universo de dificuldades que circunda essas pessoas, desde a sua tenra idade, em seus convívios familiares, escolares, afetivos, comerciais, religiosos e sociais, sofrendo discriminações e preconceitos, e na maioria das vezes, sem poderem contar com o apoio psicológico e moral das pessoas ao redor.

Posso afirmar, que é a maior e a mais cruel das discriminações, porque a família descarta, a sociedade rejeita e a igreja condena. Pode-se suportar um filho deficiente, um filho negro, mas um garoto efeminado ou uma mulher masculinizada, são em muitos casos, inaceitáveis. Acusam-lhes de fazer uma escolha consciente de sua sexualidade, e que ser gay é estar distante do desejo divino.

As dificuldades relacionais encontradas nos homossexuais, principalmente os assumidos, irão permear em todos os aspectos de sua vida, principalmente em suas escolhas profissionais, pois o mercado de trabalho, na maioria das vezes, restringe-se na atuação de cabeleireiro, maquiador, artista, e uma parte destinada as travestis, vai à prostituição. Como podem sobreviver dignamente em meio a tantas discriminações? As necessidades de sobrevivência são iguais para todos os Seres Humanos, só que é mais fácil profissionalizar um heterossexual, do que empregar uma travesti. A indiferença da sociedade a essa população, certamente interfere em seu estado biopsicológico também, gerando sintomas diversos de: ansiedade, angústia, insegurança, medo, síndrome do pânico, depressão, e tendo como resultado, infelizmente, um número grandioso de suicídio; sem contabilizar as mortes causadas pelos homofóbicos, que parecem atender de alguma forma aos desejos preconceituosos e ultrapassados dos pais, que dizem preferir ver o filho morto, a vê-lo como um gay “fora do armário”.

Quando uma criança nasce é comum determinarmos pelo sexo, se é homem ou mulher. Mas, a vida nos mostra, desde que o mundo é mundo, que não é bem assim que o Ser humano funciona. Há uma complexidade de carga genética, valores e comportamentos em nossa construção de personalidade que não dá para resumir a sexualidade de acordo com o órgão genital. A psicologia diz, que não nascemos prontos. À medida que vamos crescendo, vamos nos construindo dentro das possibilidades que nos permitem fazer as escolhas inseridos na família, escola, igreja, e em outros grupos sociais, e vamos assimilando comportamentos onde não só a genética pode determinar a sexualidade. E, dessa mistura toda, surge uma diversidade, como: gay, transexual, travestis, lésbica, bissexuais, entre outras. E, todos, com os direitos de Ser humano, como: amar, trabalhar, ter um parceiro ou parceira, construir uma família e viver a sua maneira como qualquer cidadão desse planeta.

Há preconceituosos que dificultam a vida dos homossexuais, e dizem acreditar em Deus e acham que Ele não aprova a homossexualidade. Então, como Ele poderá nos explicar a vida homossexual na terra: das plantas, dos animais e dos Seres humanos? Se, nem um fio de cabelo cai de nossa cabeça sem o conhecimento divino, como deixou escapar Seres tão diferenciados dos heterossexuais? Estaria Deus, nesse momento, distraído?