ColunistasFrei José Corteletti

In tei cafezai (Nos cafezais)

Foi no tempo em que os colonos formavam seus cafezais em terra nova das derrubadas de matas virgens. Mudas colhidas geralmente nos valões frescos para onde corriam os caroços na última “panha” e nasciam espontaneamente em touceiras. Adubo não precisava, a broca e o “bicho mineiro” não eram conhecidos. Isso sim: um ano dava bem e o outro de safra pequena. Na colheita, as lavouras bonitas ajuntavam homem e mulher, as famílias dos meeiros e do patrão. Eram muitos. Meninos de oito anos para cima já trabalhavam, meninas cuidavam dos nenês nas sombras frescas das roças. As crianças pequenas também iam e ficavam brincando de muitas brincadeiras… Os-Cafezais-No-Brasil-e-a-História-Do-Café1-300x210 In tei cafezai (Nos cafezais)
A mãe notou que a Nina, de 14 anos, chegou mais tarde, desconfiada e arredia.
– Nina, fiola mia, che g’ai fatt? – perguntou-lhe a mãe reticente…!
-Niente, mamma. Giuan e io giocavem in tei cafezai, mi g’hà corresto in drio e mi g’hà ciapà. Ma, Mamma, el g’avea uma cavicia lunga cosí (fazendo o gesto), con la punta rossa, che se mi ciapa la pansa mi la sbusea; per fortuna, mi g’hà ciapà il bus della pissarola. Mamma mia!!! (o jeito é perguntar sobre o dialeto).

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408