Institucionalização da corrupção
Por Gregório Venturim
A corrupção é uma ação capaz de fazer desnaturar o que como regra deve ser comportamento correto, normalmente para garantir que prevaleça o interesse pessoal sobre o coletivo. Contudo, não se trata de sentimento e sim uma questão de escolha, pode-se ou não, corromper ou ser corrompido.
Infelizmente parte da sociedade acredita que a corrupção não é um crime violento e seu autor não é tão perigoso, apesar de direta ou indiretamente, matar, pelas filas intermináveis nos hospitais, pela falta de medicamentos e pelas péssimas de condições das estradas. Mesmo fato ocorre quando vemos notícias de furo na fila do atendimento médico, priorizando um eleitor ou amigo de um agente público e tirando a possibilidade de melhora ou sobrevivência de pessoa com doença mais grave, ou ainda, sobre uso de máquinas (tratores) para fins particulares, atrapalhando na manutenção das estradas o que pode provocar acidente ou fazer com que uma emergência vire morte.
O fato do corrupto não ter contato ou sangue de sua vítima nas mãos, não o torna menos perigoso. Essa interpretação de tolerância, nos trouxe até aqui num quadro de recessão e criminalidade elevada, que contaminou irrestritamente várias pessoas e partidos, numa espécie de pacto entre agentes políticos, autoridades e detentores do poder econômico, melhor dizendo, entre o poder de quem tem a caneta e o poder de quem tem dinheiro, a elite extrativista do Estado.
Nesse panorama, ainda temos que suportar o dogma de que os fins justificam os meios e que a corrupção não passa de mero instrumento para se alcançar o objetivo maior e possivelmente benéfico, ledo engano dos corruptores e corrompidos que distorcem a relação entre cidadão e o Estado, pois se o representante do Estado age de forma incorreta, o cidadão entende isso como coisa natural, ou seja, levar vantagem não é imoral nem ilegal.
A mudança precisa vir do povo. Não se enfrenta tal cenário, exercendo a cidadania somente no voto, precisamos não eleger mais políticos profissionais sim, mas participar também das decisões políticas, ocupar os conselhos municipais, sessões, audiências e reuniões públicas, numa democracia participativa.