Cultura

José Francisco Romanha, um lavrador-artesão apaixonado por madeiras

Por Mônica Ferrari Seidel  e  José Alfredo Ferrari
Fotografias: José Alfredo Ferrari
Fonte: Site Lavoro Sacro
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José Francisco Romanha
Cheiros, cores e uma casa de estuque originalmente bela. Estrutura centenária que pertenceu a uma família de imigrantes italianos que antecedeu aos Romanha, na Doce Terra dos Colibris. No mesmo quintal, se observa o espaço onde são produzidas as peças artesanais criadas pelo lavrador JOSÉ FRANCISCO ROMANHA. Uma espécie de oficina foi erguida para o exercício de um ofício que exige habilidade manual e expressiva criatividade. Raízes e madeiras em formatos e tamanhos específicos marcam a singularidade do local. Conceder à matéria-prima um contorno que mantenha sua originalidade exige tempo. Ato criativo na contramão do compasso da contemporaneidade.
José Francisco Romanha nasceu na roça. Por tradição familiar, ainda na infância, trabalhou na lavoura de café. Desde pequeno encantava-se com o formato e o perfume das madeiras que encontrava no lugar que a vida lhe concedeu. Cedo, cultivou o hábito de recolhê-las da natureza. Chamava-lhe atenção a semelhança que percebia entre as peças que recolhia com o formato de alguns animais. Seu olhar, observador e sensível, permitiu que, na maturidade, desenvolvesse esse ofício em paralelo com o trabalho na lavoura.
Já se vão aproximadamente quinze anos que Romanha dedica parte de seu tempo à execução de peças artesanais. Utiliza a madeira como matéria-prima e, com criatividade, transforma aço e ferro em ferramentas de trabalho, que lhe servem de apoio em sua atuação como artífice. Romanha acredita que cada peça tem sua própria história.
Seu espaço produtivo faz parte do Circuito Caravaggio, fato que possibilita a presença constante de admiradores do seu trabalho. O reconhecimento veio cedo, tão logo iniciou a criação das primeiras peças.

Sensibilizado pelo perfume de cada madeira e inspirado pela “presença de Deus”, Romanha acredita que toda sua produção é “obra do Criador”. Fala de seu ofício com a seriedade e serenidade daqueles que conhecem o chão em que pisam. Compreendendo que trabalha de forma sustentável, sem nenhum tipo de agressão ao meio ambiente, o percebe “limpo”. Afirma que seu ofício “não machuca a natureza; só a valoriza”. Reconhece o valor ambiental e cultural que cada uma das peças produzidas provoca sobre seus clientes. “Eles saem daqui com outra mentalidade, valorizando aquilo que anteriormente poderia ser facilmente descartado”.

“O perfume de cada madeira é uma delícia; uma coisa maravilhosa”.
José Francisco Romanha
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