Lavoro Sacro – Artesã Cláudia Brito
TOTALIDADE EM PARTES
O tempo é fio que tece a vida. Rede de criação de existências no mundo. Um artefato em patchwork não se cria sem a diversidade, sem o confronto com as diferenças, sem a atenção e o cuidado com cada retalho, até que ele possa estar preparado para ligar-se aos demais. Consciência de um tempo que não é cronológico, que pode dilatar-se na memória de um corpo que une partes, numa interseção entre agulhas, tecidos e linhas. Criatividade e habilidade em unicidade.
Da cidade vertical para um lugar em que portas e janelas não carecem de trancas, funda-se o espaço de existência da artesã CLÁUDIA BRITO. Descendente de italianos e natural de Vitória, desde 2002 Cláudia mora em um sítio localizado nas proximidades da cidade de Santa Teresa. Ali, faz peças em patchwork. Trabalhando com linhas e combinando retalhos, costura um corpo de sentidos que a permite sustentar a vida como um processo em constante reconstrução. Tessitura sempre aberta ao inesperado. Solidão temporária, onde cada fragmento de retalho é compreendido como parte de uma lógica singular. Arte montada no compasso da delicadeza.
Cláudia inaugurou sua relação com a arte em 1975. Pintura em porcelana, cartonagem e MDF fundaram sua parceria com afazeres para além da vida cotidiana. À época, presenteava os amigos ou utilizava suas produções para compor o ambiente doméstico. Em 2009, Cláudia ingressou na APROAST, Associação dos Produtores de Artesanatos e Agroindústria de Santa Teresa, com a proposta de “fazer peças duráveis e diferentes”. Criou vínculos que, ainda hoje, a permite transitar entre o sítio e a “cidade”. Arte interativa.
O trabalho de Cláudia tem uma estética particular. Acaricia o olhar. Com a ponta dos dedos é possível sentir sua marca, que trafega entre a suavidade dos tons pastéis à brasilidade efusiva das chitas. Retalhos de tecidos, linhas, cola, manta acrílica, material impermeabilizante, tintas, pincéis, papelão, filtros de café é CD’s usados compõem sua cartela criativa. Seu instrumento de trabalho é a máquina de costura. Cláudia corta os tecidos “em quadradinhos” para, em seguida, reunir cada peça sobre uma base de entretela. Pesponta, forra, e passa a ferro. Nesse itinerário oferece-se à arte de criar bolsas, carteiras, porta-moedas, almofadas, panos, oratórios, mandalas e jogos americanos. “Faço peças para que as pessoas possam usar”.
O processo criativo envolve pausas. Exercício de sinergia com o universo. “Quando estou cansada, dou uma parada, uma esticada, uma volta lá fora, cuido das plantas e da terra, converso com os animais, faça uma caminhada”. Referência mística em aliança com o sagrado. “Uma oração que faço para o anjo da guarda dá uma inspiração nova, me mostra alguma coisa diferente”.
ARTIGIANA CLÁUDIA BRITO
UN TUTT’UNO IN PARTI
Il tempo è il filo che tesse la vita. Una rete di creazione di esistenze nel mondo. Un lavoro in patchwork non si crea senza la diversità, senza il confronto con le differenze, senza precisione ed attenzione per ogni ritaglio, al fine che esso possa essere pronto per unirsi agli altri. Coscienza di un tempo che non è cronologico, che si può dilatare nella memoria di un corpo che unisce parti, in un’intersezione tra aghi, tessuti e fili. Creatività ed abilità in un tutt’uno.
Dalla città verticale (metafora per definire le grandi città, ndt) ad un luogo in cui porte e finestre non hanno bisogno di serrature, si fonda lo spazio esistenziale dell’artigiana Cláudia Brito. Discendente di italiani e nata a Vittoria, dal 2002 Cláudia abita in una casa di campagna vicino a Santa Teresa. Lì fa oggetti con la tecnica del patchwork. Lavorando con il filo e unendo ritagli, cuce un insieme di significati che le permettono di affrontare la vita come un processo di costante ricostruzione. Tessitura sempre aperta alla novità. Temporanea solitudine dove ogni frammento di ritaglio è parte di una logica singolare. Arte creata con i dettami della delicatezza.
Cláudia ha iniziato il suo rapporto con l’arte nel 1975. Dipingere su porcellana, confezioni e MDF sono divenuti suoi compagni della vita quotidiana. All’epoca faceva regali ai suoi amici o usava le sue produzioni per arredare ambienti domestici. Nel 2009, Cláudia è entrata nella APROAST, Associazione Produttori di Artigianato ed Agroindustria di Santa Teresa, con l’idea di “fare oggetti durevoli e differenti”. Stabilì vincoli che, ancora oggi, le permettono di passare dalla campagna alla “città”. Arte interattiva.
Il lavoro di Cláudia ha un’estetica particolare. Da piacere agli occhi. Con la punta delle dita si può sentire il suo segno, che si aggira dalla leggerezza dei toni pastello alla brasilianità effusiva delle chitas (tessuto ricco di disegni floreali, ndt). Ritagli di tessuto, fili, colla, tessuti in acrilico, materiali impermeabilizzanti, tinte, cartone, filtri di caffè e CD usati fanno parte del suo mondo creativo. Il suo strumento di lavoro è la macchina da cucire. Cláudia taglia i tessuti in “quadratini” per, poi, riunire ogni pezzo su una fodera. Imbastisce, fodera e stira. Così può creare borse, portafogli, portamonete, cuscini, panni, piccoli altari votivi, mandala e tovagliette. “Faccio cose che le persone possano usare”.
Il processo creativo presenta anche delle pause. Un esercizio di sinergia con l’universo. “Quando sono stanca mi fermo, mi stiro, faccio un giro fuori, curo le piante e la terra, parlo con gli animali, faccio una passeggiata”. E poi una mistica alleanza con il sacro. “Prego il mio angelo custode che mi dia una nuova ispirazione, mi mostri qualcosa di diverso”.