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Lavoro Sacro – Romanha, um lavrador-artífice apaixonado por madeiras

Por Mônica Ferrari

Cheiros, cores e uma casa de estuque originalmente bela. Estrutura centenária que pertenceu a uma família de imigrantes italianos que antecedeu  aos Romanha, na Doce Terra dos Colibris. No mesmo quintal, se observa o espaço onde são produzidas  as peças artesanais criadas pelo lavrador João Francisco Romanha. Uma espécie de oficina foi erguida para o exercício de um ofício que exige habilidade manual e expressiva criatividade, Raízes e madeiras em formatos e tamanhos específicos marcam a singularidade do local. Conceder à matéria-prima um contorno que mantenha sua originalidade exige tempo. Ato criativo na contramão do compasso da contemporaneidade.

João Francisco Romanha nasceu na roça. Por tradição familiar, ainda na infância, trabalhou na lavoura de café. Desde pequeno encantava-se com o formato e perfume das madeiras que encontrava no lugar  que a vida lhe concedeu. Cedo, cultivou o hábito de recolhê-las da natureza. Chamava-lhe atenção a semelhança que percebia  entre as peças que recolhia com o formato de alguns animais. Seu olhar, observador e sensível, permitiu que, na maturidade, desenvolvesse esse ofício em paralelo com o trabalho na lavoura.

já se vão aproximadamente quinze anos que Romanha dedica parte de seu tempo à execução de peças artesanais. Utiliza a madeira como matéria prima e, com criatividade, transforma aço e ferro em ferramentas de trabalho, que lhe servem de apoio em sua artífice. Romanha acredita que cada peça tem sua própria história.

Seu espaço produtivo faz parte do Circuito Caravaggio, fato que possibilita a presença constante de admiradores do seu trabalho. O reconhecimento veio cedo, tão logo iniciou a criação das primeiras peças.

Sensibilizado pelo perfume de cada madeira e inspirado pela “presença de Deus”, Romanha acredita que toda sua produção é “obra de Deus”. Fala de seu ofício com a seriedade e serenidade daqueles que conhecem o chão em que pisam, Compreendendo que trabalha de forma sustentável, sem nenhum tipo de agressão ao meio ambiente, o percebe “limpo”. Afirma que seu ofício “não machuca a natureza; só valoriza”. Reconhece o valor ambiental e cultural que cada uma das peças produzidas provoca sobre seus clientes. “Eles saem daqui com outra mentalidade, valorizando aquilo que anteriormente poderia ser facilmente descartado”.

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408