Santa Teresa – Mais um espetáculo musical em breve
Entrevista com o Maestro Inarley Carletti – A valorização da cultura italiana em pauta
Por Seixas Baré
STN – Estamos aqui com uma sumidade do meio musical lírico, personalidade internacional do meio criativo harmonioso, desenvolvedor de vários projetos temáticos ligados a imigração italiana, Inarley Carletti. Vamos começar falando sobre suas origens e quando foi que você se reconheceu como artista?
Inarley Carletti – Sou natural do Interior de Iconha -ES, e desde pequeno era um curioso na música. Era uma criança com voz muito aguda e afinada, e meu pai, neto de italianos, gostava de me levar para os ‘botecos” do interior, normalmente ao lado dos campos de futebol, onde se encontravam os violeiros, e me fazia cantar (às vezes contra a minha vontade rs), isso eu tinha uns 8 anos de idade. Me lembro que a primeira música que decorei por completo foi menino da porteira. Nessa época também, na década de 80, chegou a energia elétrica onde morávamos e meu pai apareceu com uma tv preto e branco, onde vi pela primeira vez o PavarottI. Fiquei em estado de graça e pensei já desde criança: quero ser chamado de Roberto Carlos e quero ter a voz igual a do Pavarotti. Quanta pretensão…. rs
STN – Tendo em vista seu excelente trabalho com a música em especial o canto e o teatro, e projetos como “Sons do Coração” e a Cia Allegro entre outros de sua atuação. Fale-nos sobre seu trabalho com a arte no ES.
Inarley – Iniciei meus trabalhos profissionais na música aos 15 anos regendo coro de igreja, (ainda sem experiência alguma e sem nunca ter estudado música até então), eu ouvia as músicas e tirava as vozes de ouvido, sempre tive muita facilidade de aprender e perceber novas vozes, e com isso percebi realmente que seria o caminho a seguir, foi nesse período que comecei a estudar música (muito tarde). Logo após aos 17 anos comecei a reger o coral Italiano Honório Bonadimam, de Iconha, e a partir daí com estudo e muita, muita disciplina, comecei a criar e inventar apresentações diferenciadas nos projetos. Atualmente sou criador e produtor cultural, diretor e criador da Cia Musical Allegro além de realizar trabalhos e turnês dentro e fora do país. Realizamos concertos em forma de musicais envolvendo os munícipes de cada local, pois hoje, nosso maior objetivo é a reconstrução cultural que está se perdendo por outros estilos que caminham em direção contrária mas paralela. Nosso desejo é deixar um legado cultural, ou ao menos um contato para inspiração aos futuros do nosso município.
STN – Recentemente você realizou um trabalho expoente em Santa Teresa, um musical que impressionou o público local, e esse ano você está trazendo algo novo por ocasião dos 150 anos da cidade, que é o marco da imigração italiana no Brasil. Como está sendo essa experiência e se você pode nos dar uma palhinha do que vem por aí esse ano?
Inarley – Esses dias, subindo para cidade, eu disse a uns dos funcionários que parecia que eu tinha nascido em Santa Teresa, pois meu coração se enche de alegria por estar desenvolvendo esse trabalho tão rico na cidade, parecia que eu já era da cidade…
Os musicais aí (Santa Teresa) são sempre bem pensados, elaborados, cheios de significado, desde o figurino a concepção de cenário, etc. Esse ano nossa história enaltece ainda mais o significado do propósito italiano do imigrante, sua luta e seu legado no município, iniciando a partir daí os preparativos para o grande musical dos 150 anos, que terá como cenário para o próximo ano, a casa Lambert. Muitas emoções podem ser esperadas para esse ano, uma delas será a cena ao luar, onde os imigrantes, à noite, mesmo sentindo saudades da Itália, olhavam para o céu brasileiro tão estrelado e cantavam suas canções, pois eles trouxeram em suas memórias saudades e muitas, muitas cançonetas…
