ColunistasEdimar Hermógenes

O erro está no modelo

Um complexo sistema que possui uma lei frouxa e custa caro à população têm que ser revisto, é hora de pensarmos em novas atitudes que promovam os valores e não os erros.

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De 1980 a 2014 a força de segurança pública no Brasil, se multiplicou 10 vezes.
Atualmente 800 mil pessoas vivem da segurança pública, As prisões cresceram 100% e o crime 259 % nesse período.
Hoje nossa força policial (per capita) é a maior do mundo.
Aplicamos na segurança pública mais de R$ 82 bilhões. 23% do PIB é destinado à segurança pública, O cidadão paga muito caro para não ter segurança.
Apenas 81 dos 5.000 municípios concentram 70% da criminalidade do Brasil.
O sistema prisional possui hoje mais de 720 mil detentos.
25 mil jovens entre 12 e 18 anos estão cumprindo pena socioeducativa, desses 46% é por roubo e 26% por tráfico. Temos hoje uma carência de 330 mil vagas nos presídios.
Ao analisar esses indicadores não é difícil perceber que nosso modelo está errado. As pessoas pedem força policial toda vez que o medo aumenta . O Brasil é o país que mais prende no mundo, mas prende mal, têm uma lei frouxa, Uma lei que incentiva o crime, o policial é induzido à prender, mas a justiça vive na dificuldade do Estado.
A população sempre pensa que a Lei é para o vizinho, não para ele, As famílias protegem seus entes que vivem no crime, encontram sempre uma justificativa para proteger àquele que enveredou para o submundo.
O modelo de segurança têm que partir da consciência do povo, As pessoas que cometem erro ou corrupção têm que ser punidas dentro de casa, nas instituições, dentro das igrejas, das empresas, associações…
Tem candidato falando que vai armar o povo, esquecem que o povo já foi penalizado pelos impostos para manter um sistema de segurança. Ora se eu vou estar armado para me defender, então para quê eu pago a polícia? Isso pode virar um modelo insano de fazer justiça com as próprias mãos.
Temos que mostrar esses números (Fonte IBGE e Fórum Nacional de Segurança) para sociedade, mostrar que quando ela protege uma pessoa desonesta, ela perde a legitimidade de discutir segurança e só vai existir segurança quando o povo compreender isso.
Em países desenvolvidos as pessoas não são motivadas ao crime, o crime é vergonhoso e todos vêem assim. Lá eles tiram as pessoas que praticam crimes do convívio com a sociedade, a sociedade pune. Aqui quando a polícia prende alguém, logo chega as pessoas para dizer coitadinho, ele roubou mas foi pouco ou outra justificativa. A sociedade necessita entender que se continuar com esse modelo as cidades se encherão de cadeias. Quanto mais polícia tiver mais criminalidade nas ruas, os números não mentem, estão aí para nos ajudar a compreender o caos onde estamos nos embrenhando. a sociedade é que têm que acordar para isso, porquê é ela que paga esse modelo corrompido pela propina. Cada vez que ela encobre os erros do criminoso, mais caro o sistema fica, por isso se nós continuarmos pensando individualmente, jamais vamos resolver os problemas coletivos.
Outro problema são as tomadas de decisão do povo, sempre baseada na individualidade e não no coletivo. Hoje o tráfico é responsável pela entrada de armas no país, Esse tráfico é sustentado pela alta sociedade que podem adquirir cocaína e não fazem essa ligação sobre sua responsabilidade com o crime. O dinheiro da coca serve pra comprar fuzil.

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408