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O paradoxo da infidelidade partidária

“O meu partido é um coração partido” Cazuza

Por Seixas Baré Fonte: TSE

Você sabia que o dono do mandato de vereador ou deputado é o partido político? Que é governado por um cacique? Que 15 das 33 siglas registradas têm presidentes eternizados no poder? Somos usados apenas para legitimar os partidos, ou seja os caciques.

As negociações para tentar conseguir parte dos R$ 30 bi revelam como o poder dos partidos segue sendo exercido por caciques que se perpetuam no comando, há 6, 8, 16, 20 e alguns há meros 29, manobrando senadores deputados federais que direcionam os parlamentares nos estados através da influência sobre prefeitos e vereadores. O poder todo centralizado no “dono do partido”, aquele cacique da alta esfera que negocia tudo no Congresso e fora dele.

Perpetuados no poder


Um levantamento feito com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que 15 das 35 siglas registradas têm presidentes eternizados no cargo. Para especialistas, essa prática mostra falta de democracia interna e controle da burocracia por oligarquias.


As lideranças enraizadas há mais de uma década ou desde a fundação, estão presentes em todo o espectro eleitoral brasileiro. Vão desde legendas tradicionais, como o PDT de Carlos Lupi, e o PPS de Roberto Freire, a nanicos das mais variadas matizes ideológicas, como PSTU, PRTB e Democracia Cristã — o antigo PSDC. Também incluem siglas médias criadas durante os governos petistas, como PSD, PROS e Solidariedade. Juntas, essas 15 agremiações receberão cerca de 50 % dos valores destinados ao fundo partidário que em 2018 tinha R$ 474 milhões e atualmente R$ 3 Bi.
Levy Fidelix (PRTB) 23 anos, Luciano Bivar (PSL) 20 anos, José Maria Eymael, 22 anos, José Luiz França (PV) 20 anos, Daniel Tourinho (PTC) 28 anos, Luiz Tibé (Avante) 12 anos, Ovasco Rezende do (PRP), 16 anos, Zé Maria do (PSTU) 17 anos, Eurípedes Júnior (PROS) 9 anos. e segue a lista.


Se a falta de renovação no comando é um cenário comum em siglas históricas, o mesmo ocorre nas mais recentes. Criados entre 2011 e 2013, PSD, PROS, Solidariedade e Patriota são controlados até hoje por seus articuladores. Segundo o cientista político Ricardo Caldas, professor da Universidade de Brasília (UnB), a liderança de partidos é um grande ativo para figuras como Gilberto Kassab e Paulinho da Força, que deixaram legendas tradicionais (DEM e PDT, respectivamente) para criarem suas próprias siglas. “Comandar um partido dá prestígio e acesso a outras lideranças. Todos os líderes políticos precisam cortejar os demais. Isso faz com que uma das figuras de maior status na política brasileira seja o líder partidário” explica Caldas.

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408