Operação de órgãos ambientais gera polêmica em Santa Teresa
Comerciantes e empresários rurais se reuniram na tarde de quarta (19) para discutir os efeitos gerados após a operação da Polícia Militar Ambiental na economia do município. A ação aconteceu nos dias 05, 06 e 07 desse mês em conjunto com Idaf, Iema, Ibama e fiscais da secretaria de obras e meio ambiente da cidade. A atuação dos órgãos ambientais causou descontentamento por parte do comerciantes que reclamam da queda nas vendas por causa do sumiço dos clientes, comentários geraram polemica nas redes sociais e uma reunião foi marcada às pressas, 30 empresários compareceram. Uma reunião foi marcada para segunda-feira (24) às 18h na Câmara de Vereadores para dar continuidade aos estudos.
Para o comerciante do ramo de material de construção, Marquinho Sancio, a ação, da forma que foi conduzida, amedrontou os proprietários que estão com medo de construir.Segundo Sancio, o poder público não fiscaliza, deixa construir, e agora embarga tudo. “As pessoas que estão vindo para Santa Teresa ocupando o espaço rural, são pessoa idôneas, são aposentados, pessoas de posse, educadas, que compram de tudo aqui no município, desde geladeira fogão, roupas, plantas e demais artigos. Todos meus clientes desse perfil nunca me deram problemas, pessoas que geram emprego, de caseiro, pedreiro, carpinteiro, eletricista, pintor. Se não for essas pessoas quem vai alimentar o comércio?”. Explica.
O empresário Evanildo Sancio diz que todos já sabem o que fazer, mas tem que combinar como fazer “Hoje todos nós sabemos que não pode desmatar, qualquer criança nasce sabendo que tem que preservar, mas temos que fazer isso, conjuntamente, coordenadamente e o caminho é a Câmara onde são consertadas as Leis. Não podemos ficar a mercê dessa situação, temos que resolver o que nos aflige”.Explicou.
Antônio Carlos Macci Junior, dono de uma floricultura, diz que as vendas caíram 30% depois da ação da polícia, por isso é está demitindo alguns funcionários.
“Como vamos resolver a situação de um filho que casa, ganha uma área do pai e não pode construir no local porque a lei não permite, temos que corrigir isso”. Adverte.
O empresário Elcio Thomazini, diz que seu objetivo é o diálogo para se chegar à um concenso sobre o desenvolvimento da cidade. “Tudo que queremos é caminhar junto com o poder público, estar em harmonia com os rumos da cidade, mas temos que fazer isso juntos, sei que temos que respeitar o meio ambiente. Antigamente a riqueza era petróleo, agora é água, nossa riqueza é água, como vamos obter água? Reflorestando,.Temos que pensar que ambiente vamos deixar para nossos descendentes. E foi pensando nisso que eu resolvi investir em um horto. Vamos fazer isso em parceria com o vereador Deloir e Edimar Hermógenes. Já adquiri um banco com 800 espécies é já doei uma área na fazenda Tracomal para implantar o Horto que produzirá mudas de espécies nativas da mata atlântica, exclusivas para reflorestamento, será mais um núcleo de educação ambiental. Desejo recuperar minhas nascentes e incentivar outros a fazerem o mesmo, pois todos sabem que esse é o único caminho para se produzir água e já esta provado que água se produz. Tanto que já existe projetos para criar o produtor de água.
Não sou alguém que apareceu por aqui, nasci e fui criado por aqui. Agradeço a Deus onde consegui chegar com minha honestidade e meu trabalho. Minhas atividades geram hoje cerca de 50 empregos diretos com famílias que dependem de mim”. Concluiu.
O vereador Deloir Zanetti (PSDB), diz que há males que vêm pra bem, “acho que isso aconteceu na hora certa, estamos vivendo uma crise ética no Brasil, é nesse momento a crise não está em Santa Maria e nem em fundão, a crise está em Santa Teresa e precisamos encarar com responsabilidade. Vou marcar uma audiência ainda esse mês, encaminhar o convite ao prefeito. Convidamos as autoridades, nesta audiência apresentaremos nosso projeto. Vamos sugerir um novo modelo, mostrar que aquilo que tem dado certo em outros lugares pode dar certo aqui também. Acho que essa situação aconteceu numa hora favorável, se não acontecesse agora, iamos continuar trabalhando errado, esse fato é um indicador da necessidade de se atualizar o Plano Diretor Municipal (PDM) que não atende mais nossa realidade é precisa ser revisto. O que não podemos é agir com rancor, esse não é o caminho”. Concluiu.
O empresário Evanildo Sancio sugeriu buscar apoio no legislativo é criar uma comissão para analisar e construir um entendimento que caminhe para uma solução que atenda a todos, precisamos fazer um levantamento de todas as autoridades que possuem chácaras e vamos cobrar que se cumpra a lei, pois tanto se fala e nada se faz”. Explica.
O empresário rural Edimar Hermógenes diz que essa é a hora de se discutir o modelo de crescimento que a sociedade quer para a cidade, “Estamos no caminho da sustentabilidade e isso passa por uma reformulação de crenças e do modus operandi na política. O PDM está defasado e longe de nossa realidade e essa é a hora propícia para fazer isso”. Explica.
O advogado e ex vereador Juninho disse que não concorda com o modo como as coisas estão sendo conduzidas pelo executivo. “Cinco carros de polícia entrando nas propriedades como se estivesse procurando traficantes, constrangendo trabalhadores, levando à delegacia…Temos que conversar com o executivo, explica que esse não é o caminho”. Pontuou.
O prefeito Gilson Amaro disse que a respeito da ação conjunta entre as polícias Ambiental, IDAF, IEMA, IBAMA fiscais das secretarias de Obras e Infraestrutura e Meio Ambiente, coibindo loteamentos clandestinos e outros crimes contra o Patrimônio Natural da Terra de Augusto Ruschi, Gilson Amaro diz que não vai recuar e que Lei é Lei. “Essa ação conjunta, foi resultado de muitos processos acumulados é pressão do Ministério Público é necessário agir, não é questão de PDM mas de Lei Federal,. A Lei tem que ser cumprida! Estão falando que moro em área irregular, não é verdade. Essa área eu comprei em 2003 quando a legislação permitia chácaras de 4.000 m², só podia construir uma casa, o PDM foi elaborado em 2006. Em 2012 houve uma reformulação no PDM pois próximo à usina de reciclagem de lixo existia um aglomerado de casas, tivemos que legalizar a situação daquela área. Não pretendo prejudicar ninguém, mas não posso fazer como Pilatos lavando as mãos, soltando Barrabás e deixando um inocente ser crucificado. Santa Teresa é região produtora de água e temos a responsabilidade de cuidar bem desse patrimônio pra próximas gerações”. Explica o chefe do executivo local.