Os escândalos dos irmãos de toga no ES
Mais uma notícia envolvendo autoridades do Poder Judiciário capixaba ligadas à Igreja Maranata. Desta vez, uma decisão do judiciário de São Paulo sobre uma empresa do grupo Itapemirim, em que o juiz expulso da magistratura em 2020 e membro da igreja denunciada pelo Gaeco, Paulino José Lourenço estava envolvido em um esquema de favorecimento.
Na data de ontem (18) a Justiça de São Paulo decretou a falência da Itapemirim Transportes Aéreos, que está sem operações desde 2021. A falência do Grupo Itapemirim e suas afiliadas remonta a atuação do juiz aposentado compulsoriamente Paulino José Lourenço, cuja a aposentadoria se deu por envolvimento do então magistrado no processo de recuperação judicial, após denúncia do fundador das empresas, o empresário e ex-deputado federal Camilo Cola.
A acusação foi apresentada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em Brasília, e versava sobre o envolvimento do então juiz Paulino e seu filho, o advogado Paulino José Lourenço Filho como sócio de peritos e administrador judicial nomeado pelo pai, juiz que presidiu o processo de recuperação judicial da Itapemirim.
Prestígio
Na oportunidade, os meios jurídicos acreditavam que o então juiz escaparia da punição por ter exercido as funções de juiz auxiliar da presidência do tribunal e do atual decano do órgão, Desembargador Pedro Valls Feu Rosa e juiz corregedor do ex-presidente do tribunal, Desembargador Ronaldo Gonçalves de Sousa.
Mesmo com todos esses atributos, o órgão máximo do tribunal cortou na carne, e expurgou da magistratura estadual, Paulino José Lourenço. No mesmo caminho segue o juiz de Venda Nova do Imigrante, Valeriano Bolzan, com imputações muito mais graves, que deve ser julgado na próxima sessão que acontece na quinta-feira (20).
Na sessão anterior a votação teve início com o voto do relator pela aposentadoria compulsória de Valeriano, seguido por 3 desembargadores, em seguida, pediu vista o Desembargador Namyr Carlos de Souza Filho, cotado para Corregedor, primo do advogado e pastor da Igreja Maranata que Valeriano frequenta. Assim como o juiz aposentado Paulino Lourenço, o juiz afastado Valeriano Bolzan exerceu cargos de assessoria junto ao Tribunal, gozando de certo prestígio junto ao colegiado máximo da justiça capixaba, porém esses atributos não foram suficientes para a absolvição do ex juiz da presidência e juiz corregedor, reforçando a postura ilibada do Tribunal Pleno do TJES, que não têm tolerado desvios de posturas dos seus magistrados.
Irmãos na fé
Coincidencia ou não, Paulino José Lourenço e Valeriano Bolzan eram frequentadores assíduos da Igreja Maranata, instituição acusada pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPES), quando da “Operação Entre Irmãos”, que desarticulou a quadrilha acusada de vários crimes cometidos por pastores da cúpula da Igreja Cristã Maranata. 10 líderes foram presos pela justiça na época. Participaram da operação quatro membros do Ministério Público, com o auxílio de 72 policiais militares do Batalhão de Missões Especiais (BME).
Os crimes dos líderes da igreja investigada na época dos fatos, estão previstos nos artigos 171 (estelionato), 288 (formação de quadrilha), 299 (falsidade ideológica), 332 (tráfico de influência) todos do Código Penal e no artigo 2º da Lei 9.613/1998 (lavagem de dinheiro).
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