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Os motociclistas de Santa Maria de Jetibá/ES

Por Aparecida Rampinelli

O município de Santa Maria de Jetibá, de cultura Pomerana no ES, tem sua economia baseada na produção agrícola familiar. Seu clima frio e sua região montanhosa são favoráveis ao cultivo, tendo como principais produtos, o café arábica e hortaliças, abastecendo algumas regiões, como: Aracruz, Linhares, Colatina, Grande Vitória, e alguns Estados como: Bahia, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

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O trânsito rural é constituído, para a maioria dos agricultores de Santa Maria, pela motocicleta. Veículo com preços de compra acessíveis e parcelamentos cabíveis para essa clientela, com custo baixo em combustível, facilidades de estacionamento, fácil circulação no trânsito, e ainda, encurtando distâncias em um tempo rápido, para quem mora longe da sede. A moto é para esse trabalhador, principalmente jovem, o grande ícone de sua independência, valorização e poder, que quer aparecer, aumentando a velocidade, sem medo das estradas molhadas e escorregadias deixadas pela chuva, ou pelo pó de terra deixado pela seca, pelos buracos, curvas e vias estreitas e sem acostamento, e em muitos casos, imbuídos pelo álcool ou drogas, e trajando uma vestimenta inadequada para a direção de seu objeto de prazer, que em muitos casos não tem ainda a habilitação necessária para guiá-lo, consequência da falta de fiscalização na região.


Os lavradores pomeranos: meeiros, parceiros, comodatários, empregados, diaristas, proprietários e arrendatários, são também, festivos. Percorrem longas distâncias em busca de divertimento e lazer. Não temem guiar as suas motos, que muitas vezes, são veículos muito usados e sem manutenção, após grande ingestão de álcool, enfrentando o frio, e às vezes, chuva e escuridão. E, na pressa de chegarem em casa, os acidentes graves, gravíssimos e óbitos, ocorrem com muita frequência.

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Constata-se através dos arquivos da Previdência Social, que a saúde do produtor rural referente aos pomeranos, na faixa de 40 a 50 anos, vem sendo comprometida pelos trabalhos pesados da roça, como: carregar sacas de café, milho, feijão, capinar, roçar, subir e descer montanhas com peso nas costas ou nos braços, uso de agrotóxico em suas plantações, entre outros. São imensuráveis os casos órteos, comprometendo-os, como: dor na coluna, joelhos, pernas, ombros, pescoço e mãos, mais os problemas alérgicos e cancerígenos, tendo o agrotóxico como vilão.
Os filhos desses produtores, diante dessa situação, dividem-se: uma parte, não quer ficar com a herança desses árduos afazeres e saem de suas localidades, direcionando-se em busca de maiores conhecimentos e graduações escolares; a outra parte, que não conseguiu se adaptar ao meio escolar, fica com os familiares para dar continuidade as atividades laborativas agrícolas; e é essa pequena parcela da população rural, que está, cada vez mais, ficando incapacitada para cuidar da terra e do produto que alimenta as várias gerações, rurais e urbanas.


Diante do descaso da sociedade com esses trabalhadores, precisamos, urgentemente, de uma mobilização para conscientização e melhoria da auto-estima do nosso motociclista rural, mostrando a sua real importância no âmbito familiar, profissional e social, pois são eles que viabilizam a nossa mesa farta todos os dias; e também, buscar melhorias nas estradas, vias, sinalização e iluminação na área rural.


As várias formas educativas de palestras e orientações em escolas, sindicatos e na mídia em geral, poderão conscientizar o condutor a se vestir e conduzir adequadamente o seu veículo, pois quando se incapacita ou morre, todos somos penalizados, pois perdemos os braços fortes que nos alimentam, diariamente

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408