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PSB abre processo contra deputados que votaram a favor da reforma da Previdência Contrariando decisão do diretório nacional, 11 dos 32 parlamentares aprovaram proposta do governo

O deputado Felipe Rigoni (PSB-ES) foi um dos que votaram a favor da reforma, Contrariando decisão do diretório nacional, 11 dos 32 parlamentares aprovaram proposta do governo Foto: Jorge William / Agência O Globo

Gabriel Shinohara

O Conselho de Ética do PSB decidiu, nesta segunda-feira, instaurar um processo contra os deputados do partido que votaram a favor da reforma da Previdência. A análise da proposta em primeiro turno na Câmara ocorreu na última quarta-feira (10).

Contrariando a decisão do diretório nacional do partido de fechar questão contra a reforma, 11 dos 32 deputados votaram a favor da proposta do governo Bolsonaro.

Alexandre Navarro, presidente do conselho de ética do partido, afirmou que a decisão pode sair em agosto, depois do segundo turno de votação da reforma na Câmara. Navarro ainda disse que, a depender do voto neste segundo turno, é possível rediscutir a decisão de punição.

— Isso é uma decisão do diretório, é um colegiado, acho que é ingrediente para você rediscutir a posição da pessoa — comentou Navarro.

O presidente do conselho disse, ainda, que é preciso “deixar o tempo andar” para que não se puna erroneamente as pessoas. Os deputados terão 10 dias para apresentarem as defesas, e as punições podem variar de advertência até expulsão.

Emildinho Madeira (PSB-MG), Felipe Carreras (PSB-PE), Felipe Rigoni (PSB-ES), Jefferson Campos (PSB-SP), Liziane Bayer (PSB-RS), Luiz Flávio Gomes (PSB-SP), Rodrigo Agostinho (PSB-SP), Rodrigo Coelho (PSB-SC), Rosana Valle (PSB-SP), Ted Conti (PSB-SP) e Átila Lira (PSB-PI) foram os deputados que votaram a favor da reforma.

Também no PDT

O PDT também se encontra na mesma situação. Oito dos 27 deputados contrariaram a decisão do diretório nacional e votaram a favor da reforma da Previdência. Na semana passada, o partido afirmou que também vai abrir um processo na comissão de ética.

O voto favorável à reforma da Previdência dos deputados federais Felipe Rigoni (PSB) e Tábata Amaral (PDT-SP), contrariando determinação de seus partidos, foi perfeitamente normal, dentro da cartilha formatada pelo grupo RenovaBr, ao qual os dois parlamentares são ligados. Esse movimento é parte de um projeto de grandes empresários em alterar o perfil da classe política brasileira, a fim de adequá-la a uma visão corporativista de mercado. 

Se de um lado o voto de Rigoni e Amaral provocou polêmica e ameaça de punição pelos partidos, de outro é visto como os primeiros frutos da agenda montada de acordo com os interesses do corporativismo empresarial. 

Em 2018, o RenovaBr serviu de base para a candidatura presidencial do apresentador de TV Luciano Huck, com o então governador Paulo Hartung como vice. Sem condições de se concretizar, o projeto se transformou num programa de bolsas para formação de políticos e também para alimentar a candidatura Huck/Hartung em 2022.  

Atualmente com nove deputados federais, um senador e uma abrangência partidária que envolve PSL, PDT e PSB, e uma cartilha alinhada com as pauta econômica do governo, o RenovaBr acolheu, desde o início, a reforma da Previdência, confirmada por declarações à imprensa pelo seu fundador, o empresário Eduardo Mufarej. 

 “Não há muita convergência na pauta de costumes, mas tende a ter bastante na econômica, especialmente sobre a necessidade da reforma da Previdência”. 

Apresentado como um fator de renovação no modo de fazer política, o RenovaBr, no entanto, tem os objetivos questionados, considerando o nível de envolvimento do setor empresarial, cuja influência no Congresso é vista como excessivamente prejudicial ao país. 

Com a ampliação da chamada política de mercado, o papel do Estado como condutor da economia será drasticamente reduzido, provocando perdas à população, principalmente na área social. 

Os debates durante a votação da Reforma da Previdência dão uma demonstração desse poderio, com maiores facilidades de aprovação de seus projetos no parlamento.