Parque Temático Ecoturístico Augusto Ruschi, um escabroso escândalo
O governo se recusa a devolver o bem público a população, o Sesc desobedece a decisão judicial e a sociedade continua cobrando aquilo que lhe é de direito, o Parque.
Quando conheci Santa Teresa em 2004, a cidade era a capital de verão do Espírito Santo, a cidade com maior percentual de mata Atlântica no estado, referência em preservação ambiental, abrigava o único museu de história natural do ES e tinha 3 parques. Todos esses bens acima citados e outros não citados, foram retirados da municipalidade. Porém isso só aconteceu porque os prefeitos foram omissos quanto a defender esses patrimônios e também a Câmara de vereadores na pessoa de seus presidentes.
A sempre, tão cobiçada área do atual Parque Temático Ecoturístico Augusto Ruschi, onde fora até 2005 a casa de veraneio dos Governadores do Estado do estado, sempre foi alvo de manifestações populares em favor da manutenção do patrimônio teresense, quando agentes públicos e privados pretenderam dar um fim diferente daquele proposto nos anais de nossa história.
Em 2022 a manifestação popular ressurge no movimento supra partidário “Salve o Parque”, desta feita com adesões de grandes nomes da política como a deputada Soraya Manato e alguns vereadores do município e o pré-candidato ao governo Carlos Manato. O Salve o Parque trouxe ao estado a filha do ex-proprietário da área do Parque, Anayr Gramelick.
Caminho da Penha
A fazenda do Sr. Aurélio Gramlich, Caminho da Penha, (hoje o Parque Temático Augusto Ruschi) era uma das mais belas, senão a mais bela propriedade rural de Santa Teresa. Visitada por turistas o ano todo, possuía uma área de pastagem para algumas vacas de leite, um imenso pomar, moinho de cana, muitos canteiros de flores, área gramada em volta de uma bela casa de construção artística com um grande gramado em sua volta emoldurada por fileiras assimétricas de pinheiros, segundo testemunhas, era realmente bela e o Sr. Gramlich de uma bondade sem tamanho, todos os que visitavam a propriedade, saiam com uma sacola de frutas e às vezes flores, tudo doação, um homem simples de bom coração amigo íntimo de Augusto Ruschi. Anayr Gramlich, filha do Sr. Aurélio esteve recentemente em Santa Teresa conta que era ela em sua bicicleta, que todos os dias ia entregar o leite na casa de Augusto Ruschi no recém fundado Museu de Biologia.
A impressão que a Anayr teve ao visitar a propriedade foi das piores. Devastação e degradação eram os adjetivos que usava enquanto caminhava, “-Meu pai morreria de desgosto se visse isso, não foi esse o acordo, a vontade dos homens da época inclusive Ruschi, era que esse belo lugar fosse preservado para a posteridade, para ser a casa de veraneio do governador, patrimônio teresense”. Anayr descrevia ainda encantada, os lugares por onde passava, falando da beleza de outrora, época em que a propriedade fora doada para o Estado.
A doação sem propósito lógico, para o Sesc foi uma afronta à vontade dos nobres homens de nossa história que sonharam o lugar como um jardim de verão e que mais tarde se materializaria no Parque da cidade, mas não foi assim. Na verdade o bem público sonhado por Augusto Ruschi, Cristiano Dias Lopes e outros grandes homens deste estado foi abandonado, sucateado, mesmo depois de ser transformado em parque. O Sesc beneficiado pela justiça como dono da área e tutor do parque de acordo com a última sentença, deixou o local entrar no mato e os poucos aparelhos apodrecerem, abandono que afronta a decisão do juiz sobre multa diária a entidade no caso de descumprimento da decisão. Mas infelizmente o que vemos é o Sesc desobedecer a Lei e como sempre continuar impune. Até quando?