PGR denuncia Jair Bolsonaro
Governo ruindo e os líderes do Sistema fazem uma cortina de fumaça em cima de uma narrativa delirante. Confira na matéria
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de terça-feira (18) denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas por organização criminosa e tentativa de golpe de Estado. Segundo a acusação, Bolsonaro e o ex-ministro Walter Braga Netto, candidato a vice na disputa presidencial de 2022, eram os líderes da organização criminosa que também era formada por aliados civis e militares e visava impedir que o resultado das eleições fosse cumprido. O plano também previa execuções do presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Agora, o inquérito volta para as mãos do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso na Corte. Antes de enviar a denúncia para julgamento, Moraes deve abrir prazo para que as defesas apresentem suas alegações finais. O caso deve ser analisado pela Primeira Turma, formada por cinco dos 11 ministros. Além de Moraes, fazem parte do colegiado Luiz Fux, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino — os últimos dois foram indicados por Lula. Se condenado, Bolsonaro pode ter que começar a cumprir pena em um presídio de segurança máxima. A defesa do ex-presidente disse ter recebido com indignação a denúncia. Segundo Gonet, ex-integrantes do alto escalão do antigo governo formaram o “núcleo crucial da organização criminosa”. Além de Braga Netto, ele cita os ex-ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sergio Nogueira (Defesa), além do deputado Alexandre Ramagem, que foi diretor da Abin, e do ex-comandante da Marinha Almir Garnier. Gonet também aponta que, embora com menor autonomia decisória, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, também fazia parte desse núcleo, atuando como porta-voz do então presidente e transmitindo orientações aos demais membros do grupo. Cid fechou acordo de delação premiada durante as investigações.
Valdemar Costa Neto é poupado e não é denunciado
Apesar de ter sido acusado pela Polícia Federal (PF) no relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro do ano passado, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, foi salvo pela Procuradoria-Geral da República (PGR) da denúncia apresentada ontem pelo órgão. Além de Valdemar, outros nove réus ficaram de fora da lista da PGR.
Defesa de Bolsonaro
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou uma nota na noite desta terça-feira, 18, rebatendo as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR). O procurador-geral da República Paulo Gonet denunciou Bolsonaro como líder do plano de golpe para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022. Os advogados do ex-presidente afirmam que não há provas que o conectem à trama golpista. Um dos argumentos da defesa é que, mesmo após a apreensão dos telefones do ex-presidente, não foram encontradas mensagens sobre o plano de golpe. Os advogados de Bolsonaro afirmam também que a denúncia é baseada no acordo de colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. A delação é classificada pela defesa do ex-presidente como “fantasiosa”.
PL rachado
Com Jair Bolsonaro denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), confirmando as apostas dos políticos ao longo das últimas semanas, o PL se divide. Uma ala, menos afeita ao bolsonarismo, quer que o partido isole os mais ferrenhos apoiadores do ex-presidente e passe a apostar em nomes mais alinhados ao centro. Bolsonaro e seus aliados mais próximos vão lutar para tentar anistiá-lo, mas, diante das dificuldades pela frente, preferem que o partido passe a incensar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Como o leitor da coluna já sabe, o ex-presidente quer, ainda que não seja candidato, a inscrição “Bolsonaro 22” nos santinhos de campanha de 2026. Esta será a guerra dentro do PL.