Piero Ruschi alerta para o desmonte do MBML e pede providências
No dia do aniversário da morte de Augusto Ruschi (03 de junho), o filho do patrono, Dr. Piero Ruschi, convidado pelo Capitão Assumção (PSL), fez uso da Tribuna Livre na Assembléia Legislativa do Estado. Em sua fala, disse estar em curso de forma sorrateira um desmanche da obra de Ruschi e seu patrimônio. O presidente da Comissão de Comunicação e cultura Torino Marques irá realizar uma audiência pública em santa Teresa para ouvir a população.
Piero diz que o nome do museu é muito citado quando tem eventos na cidade ou pela mídia local, para todos pensarem que ele existe e para esconder o verdadeiro plano de dilapidação do patrimônio da instituição fundada por Augusto Ruschi.
“Venho hoje aqui vestido de preto, mas não é só luto pelos 33 anos da morte de meu pai, mas também de luta. Estou aqui em defesa do legado de Augusto Ruschi, pois sua obra e sua memória vem sendo corrompida e destruída dentro da instituição que ele criou e que foi extinta juridicamente lá em Santa Teresa. Eu nasci dentro do museu, vivi lá com meus pais, cresci participando de eventos ambientais dentro da instituição criada por meu pai e hoje presencio o Museu Mello Leitão sem sua autonomia, sem identidade, extinto juridicamente com seu patrimônio alienado, pois a razão social hoje, é Inma”. Piero explica que tudo aconteceu com o consentimento da Sambio, (Sociedade dos Amigos do Museu de Biologia Mello Leitão), criada para proteger os interesses do museu”. afirma.
De acordo com o biólogo, esse golpe ao patrimônio capixaba está em curso nesse momento por odiadores do patrono da ecologia com o objetivo de desvirtuar a obra de Augusto Ruschi e alienar sua obra. Afirma ainda que planejam destruir obras que foram usadas como mérito para convencer o governo a criar o Inma. “Apoiar o Inma a salvaguardar a memória de meu pai é uma traição à verdade. Os odiadores do Patrono da Ecologia no Brasil não se limitam a destruidores de florestas. Incluem também biólogos, professores e doutores, que além de planejar o desmanche de sua obra fazem questão de se colocar como defensores de sua memória intelectual. O Inma não têm meu consentimento para falar em nome de meu pai e nem para esse memorial que querem fazer. A lista de incoerências vão desde intervenções em obras à construções e descaracterizações do ambiente do Museu”. Afirmou.
O Deputado Doutor Hércules (MDB) tomou a palavra e afirmou que o Brasil e o mundo deve muito a Augusto Ruschi, não só Espírito Santo. “Ele deu a vida para nos legar ciência, queremos te agradecer por trazer esse esclarecimento que muita gente não sabe”. Parabenizou.
O Deputado Torino Marques (PSL) sugeriu uma consulta pública para saber o que pensa população. “Gostaria de propor uma consulta pública em Santa Teresa para saber o que a população acha disso? Qual é o direito? Quem pode fazer isso? Como podem tomar posse de um direito sem consultar a população? Como presidente da Comissão de Comunicação e Cultura desta casa de Leis, vamos formar uma comissão para estudar o assunto. Acho que isso tem a ver com partidarismo, política, porque deveria ter sido feita uma audiência pública, a população tem que saber disso e nós vamos batalhar por esta causa.
O Deputado Capitão Assumção (PSL) lembrou que em 1994 uma Lei federal concedeu à Augusto Ruschi o título de Patrono da Ecologia do Brasil. “Ruschi é um ícone mundial da proteção ao meio ambiente. O que está acontecendo é um desprestígio à memória de Augusto Ruschi e ao povo de Santa Teresa. Temos que lutar para nossa história cultural não cair no abandono. Fico preocupado porque no Rio de Janeiro nós perdemos o Museu Nacional por descaso e ideologias. Nós estamos lutando aqui é para que não caia no anonimato a importância mundial de um cientista renomado, e aí entra esse Inma com uma arbitrariedade, um atentado contra a verdadeira cultura e os valores intelectuais da nação brasileira”. Vaticinou.
O deputado Estadual Danilo Bahiense (PSL) também se pronunciou sobre o assunto. “O museu têm uma importância muito grande para Santa Teresa presidente Torino, e a insatisfação é geral, como vice presidente desta comissão, sugiro uma audiência Pública em Santa Teresa, na Câmara dos vereadores para debater isso com a população, com a presença do secretário de Cultura do Estado”. Sugeriu.
A assessoria de comunicação do Inma, através de nota do diretor Sérgio Lucena enviada à nossa redação, disse que desde o falecimento de Augusto Ruschi nunca houve tanto investimento e valorização da história e memória de Augusto Ruschi e do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML). Disse ainda que os 70 anos do MBML foi escolhido como tema da agenda anual de 2019. A nota conclui dizendo que as alegações de Piero Ruschi não têm qualquer fundamento e devem ser motivadas pelo seu interesse em explorar comercialmente o nome de seu pai, já que ele solicitou ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) o registro da marca “Augusto Ruschi” para seu uso privado. O INMA entende que qualquer cidadão tem o direito de defender interesses privados, mas que é uma leviandade procurar se promover denegrindo instituições públicas e seus servidores. Diante disto, o INMA encaminhou as declarações ofensivas do referido cidadão à Advocacia Geral da União (AGU) para as devidas providências.
O vereador Gregório Venturim que acompanhou de perto as conversas na Ales se pronunciou na sessão da Câmara dos Vereadores desta última terça (04). “Vamos aquecer o debate sobre o assunto, pois poucos sabem que o Museu Mello Leitão, que é uma herança de Augusto Ruschi, perdeu autonomia e pode se perder ainda mais. Por ser um órgão federal a canetada veio de cima para baixo sem escutar a comunidade, não foi feito audiência pública, não foi participado a nós vereadores. O museu sem pessoa jurídica enfraqueceu, se o Inma acabar para onde vai o acervo? para onde vão as obras que estão aqui em Santa Teresa? Isso tudo foi decidido por deputados federais, ministros, Ufes, mas esqueceram de consultar quem paga essa conta. Por isso será realizada uma audiência pública aqui para aprofundar esse assunto que diz respeito ao patrimônio do povo desta terra”. Afirmou.
Nossa reportagem fez contato com a presidente da Sociedade dos Amigos do Museu Mello Leitão (Sambio) Margareth Roldi, que era a presidente na época em que foi extinto o CNPJ do museu, mas esta não quis dar declarações.